Condenados à morte por injeção letal já tiveram execução interrompida por falha ao encontrar veia; veja casos

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Após oito tentativas de aplicar injeção letal, equipe médica suspendeu execução do serial killer Thomas Creech. Há pelo menos três casos que ganharam repercussão nos últimos anos, incluindo o do prisioneiro Kenneth Smith, que acabou submetido ao método de asfixia por nitrogênio. Thomas Eugene Creech em 2009
AP
O serial killer Thomas Eugene Creech, de 73 anos, está entre os condenados à pena de morte nos Estados Unidos que tiveram a injeção letal interrompida pela equipe médica responsável. A execução foi suspensa nesta quarta (28), em Idaho, após oito tentativas de encontrar uma veia para perfuração.
O caso do prisioneiro não é inédito. Em janeiro deste ano, o prisioneiro Kenneth Smith foi submetido ao método de asfixia por nitrogênio após sobreviver a uma tentativa de aplicar a injeção letal em 2022. Os procedimentos foram questionados por organizações de direitos humanos.
Há outros dois casos que ganharam repercussão nos últimos 20 anos. Em todos eles, os condenados foram perfurados diversas vezes, em tentativas fracassadas de encontrar uma veia.
O procedimento com injeção letal é o protocolo mais comum para execuções nos Estados Unidos. O método foi proposto pela primeira vez em 1977 como uma alternativa mais civilizada e indolor à cadeira elétrica e ao pelotão de fuzilamento. Mas, desde o início, tem apresentado problemas que vão desde controvérsias em torno das substâncias usadas até mortes prolongadas e potencialmente agonizantes.
Nos últimos anos, os Estados Unidos têm tido dificuldade para conseguir os químicos usados nas injeções letais. Os países europeus proibiram a indústria farmacêutica de vender esses produtos para serem usados em execuções.
O estado de Idaho precisará pedir uma nova ordem se quiser seguir com a execução de Thomas Creech. O serial killer é uma das pessoas condenadas à morte há mais tempo na prisão. Ele cumpre pena há 50 anos por cinco homicídios em três estados diferentes.
Veja abaixo as histórias dos prisioneiros que sobreviveram a tentativas de execução por injeção letal.
⚠️ Atenção: o texto a seguir pode ter relatos sensíveis e perturbadores.
Kenneth Smith
Pouco mais de um ano após a tentativa com injeção letal, Kenneth Smith foi executado por asfixia com gás nitrogênio, método até então inédito nos EUA. (leia mais aqui).
Em 2022, quando sobreviveu à injeção letal, Smith ficou amarrado em uma maca por mais de uma hora enquanto policiais tentavam, sem sucesso, encontrar uma veia boa o suficiente para receber a substância. À Justiça, a defesa diz que Smith sentiu dor física e psicológica e desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático.
Segundo o jornal “The Guardian”, no dia, uma equipe de três pessoas (com suas identidades ocultadas atrás de uniformes verde, azul e vermelho) entrou na câmara para injetar a substância que mataria Smith.
Depois de várias tentativas fracassadas de encontrar a veia, os guardas da prisão foram instruídos a virar a maca para trás. Smith ficou de bruços e com os braços estendidos, segundo relato do “The Guardian”. A equipe saiu do local, deixando Smith nessa posição por alguns minutos.
Na volta, eles endireitaram a maca e fizeram novas tentativas. Segundo os advogados de Smith, o homem protestou dizendo sentir dores terríveis.
Smith foi condenado por matar uma mulher em março de 1998; o assassinato foi encomendado pelo marido dela, um pastor, segundo a acusação; o marido se suicidou. A Anistia Internacional instou o estado do Alabama a não executar Smith. Um dos argumentos é que ele chegou a ser absolvido em um júri popular por 11 votos 1, mas a sentença foi anulada posteriormente pela Justiça.
Estado do Alabama, nos EUA, deve executar homem com método considerado cruel
Alan Miller
Alan Miller foi submetido a uma tentativa de execução pelo estado do Alabama em 22 setembro de 2022. Segundo o “The Guardian”, ele foi perfurado repetidamente durante 90 minutos enquanto estava deitado em uma maca.
Assim como Smith, Miller também foi colocado verticalmente suspenso na posição de crucifixo, mas com a cabeça erguida por cerca de 20 minutos. Pouco antes da meia-noite, Miller escutou: “A sua execução foi adiada”.
O homem foi condenado por um tiroteio que matou três colegas de trabalho em 1999.
Autoridades escoltam Alan Eugene Miller, condenado à morte, em 5 de agosto de 1999
Dave Martin/AP/Arquivo
Romell Broom
Às 14h01 do dia 15 de setembro de 2009, os funcionários da penitenciária onde Romell Broom estavam fizeram a primeira tentativa de injetar a substância no homem. Ao ver a dificuldade dos funcionários para encontrar uma veia, o prisioneiro ofereceu o outro braço. Mas, depois de várias tentativas, às 14h30, eles param.
Segundo reportagem do Fantástico da época, foram 18 perfurações, até que já não sabiam mais como injetar a substância. Às 16h24, chegou a notícia: o então governador do estado de Ohio mandou adiar a execução.
Romell Broom, que sobreviveu a uma tentativa fracassada de execução em 2009 e que morreu em 28/12/2020
Ohio Department of Rehabilitation and Correction via AP/Arquivo
Boom foi condenado por sequestrar e matar uma menina de 14 anos em 1984. Segundo o tribunal que o condenou, ele ameaçou a menina com uma faca enquanto ela voltava de um jogo de futebol com dois amigos. Broom se declarava inocente.
Ao Fantástico, a advogada de defesa disse, na época, que o que aconteceu na câmara de execução foi tortura. Broom morreu na prisão, em 2020, por complicações da Covid.

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