Desfile nu, dieta e algema na campanha: em meio a candidatos atípicos, Meloni segue favorita na Itália

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Cerca de 47 milhões de italianos podem votar nas eleições europeias no próximo sábado e domingo para escolher 76 membros do Parlamento Europeu. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, é candidata em um pleito que testa a força da extrema direita no país. Em meio a candidatos atípicos e promessas extremas de seus rivais, ela segue na frente, segundo as pesquisas. Giorgia Meloni em 5 de junho de 2024
Adnan Beci / AFP
As eleições europeias serão o primeiro teste político do governo de extrema direita italiana liderado por Giorgia Meloni. Em todas as circunscrições do país, a primeira-ministra é candidata no topo da lista do partido Irmãos da Itália nas eleições para o Parlamento Europeu. Embora as regras da União Europeia estabeleçam que um candidato vencedor que já ocupa um cargo ministerial deve renunciar imediatamente ao Parlamento do bloco, Giorgia Meloni não deixará o cargo de chefe do governo da Itália, pois serão os outros candidatos da lista que avançarão para o Parlamento Europeu.
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A manobra visa desfrutar da sua popularidade para impulsionar seu partido e reforçar a extrema-direita europeia com o grupo Conservadores e Reformistas Europeus. Meloni espera que o Parlamento Europeu dê uma guinada para a extrema direita frisando que é “uma mudança de rumo que a Europa espera há muito tempo”.
A campanha da chefe do governo, e de seu partido Irmãos da Itália, se concentra no seu nome próprio. Se nas eleições nacionais em outubro de 2022 seu bordão era “Mulher, mãe, italiana, cristã”, agora os lemas são “Vote Giorgia”, “Com Giorgia a Itália muda a Europa” e “Giorgia, uma pessoa do povo”.
Campanha
Mesmo se esse pleito tem como objetivo renovar o Parlamento Europeu, estas eleições não suscitaram na Itália nenhum debate profundo sobre as questões que afetam a União Europeia. Acabaram por ser apenas um teste eleitoral para os partidos italianos e, aos poucos, se transformaram em um referendo que ressalta os extremismos.
Matteo Salvini, vice-premiê e líder do partido de extrema direita Liga, por exemplo, repete o lema nacionalista “Mais Itália e menos Europa”. Além disso, ele escolheu como candidato o general racista e homofóbico Roberto Vannacci, comandante durante a invasão do Iraque e a guerra do Afeganistão, que acredita que as mulheres deveriam ficar em casa e os negros não representam a italianidade. O militar foi recentemente suspenso do Exército italiano pela publicação de um livro em que atacava imigrantes, ambientalistas, feministas e homossexuais. Mas o clamor midiático provocado por suas afirmações contribuiu para a sua popularidade e ele pode, em breve, se tornar eurodeputado.
Candidatura clamorosa na oposição
Do lado oposto, o partido Aliança Verde e Esquerda escolheu como candidata Ilaria Salis, uma professora de 39 anos que está presa há mais de um ano na capital da Hungria, acusada de ter participado de um ataque visando dois neonazistas em fevereiro de 2023. Sua história se tornou um verdadeiro caso político. A militante antifascista se declara inocente. Nas audiências no tribunal de Budapeste, Salis apareceu acorrentada, com algemas nos pulsos e nos pés, além de uma corrente de ferro no pescoço, como se fosse uma coleira, segurada por uma policial. As imagens chocaram a opinião pública italiana.
Depois de muitos pedidos do seu pai, agora ela está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica aguardando o julgamento. Na última quarta-feira ela escreveu uma carta à primeira-ministra Meloni pedindo para ser transferida à embaixada italiana porque recebe ameaças de húngaros. Vale lembrar que a Hungria é governada pela extrema-direita, assim como a Itália e Meloni é grande aliada do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.
Para que Salis seja eleita eurodeputada, é necessário que o partido Aliança Verde e Esquerda supere 4% da preferência popular e, segundo as pesquisas, ela tem grande possibilidade de se eleger. Neste caso, a Hungria teria que deixá-la livre graças à imunidade enquanto parlamentar.
Promessas bizarras
Nenhum candidato prometeu que, se eleito, acenderia velas para o santo. Mas durante essa campanha eleitoral na Itália não faltaram promessas bizarras, desde os que juraram que vão tingir o cabelo, até os que garantem que vão se tatuar em caso de vitória.
Stefano Bonaccini, o ex-governador da Emilia Romagna, presidente do Partido Democrata, no topo da lista no nordeste, disse que se for eleito perderá 8 quilos. Na sequência, Pina Picierno, terceira na lista do PD no círculo eleitoral do sul, ironizou a promessa do rival: “Vou pegar os quilos do Stefano: ganho 8 kg, porque na correria desta campanha eleitoral não sobra tempo nem para comer”.
Vale destacar a promessa de Cateno De Luca, prefeito de Taormina, na Sicília, e líder do partido “Sul chama o Norte”, que concorre nas eleições europeias com a lista Libertà: “Se eu for eleito, sairei nu e cobrirei a minha vergonha apenas com a bandeira da União Europeia”, prometeu solenemente.
O que dizem as últimas pesquisas
De acordo com as últimas pesquisas publicadas sobre os partidos italianos que seriam mais votados para o Parlamento Europeu, o Irmãos da Itália de Giorgia Meloni ganharia 27% dos votos. O segundo lugar ficaria para o Partido Democrático, de centro-esquerda, com cerca de 23% dos votos, seguido pelo Movimento 5 Estrelas, com quase 16%. Abaixo estariam a Forza Italia, com quase 9% dos votos, e a Liga, com cerca de 8,0%. Os demais partidos lutam para alcançar o limite de 4% das preferências.
Análise: Eleições para Parlamento europeu mostram avanço da extrema direita na Europa

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