‘Diplomacia dos pandas’: China envia ursos fofinhos como ‘presente’ para países para fortalecer relações

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Nativos da China, os pandas se tornaram ‘embaixadores da amizade’ ao longo dos anos. Entenda a origem dessa política chinesa, que sofreu um revés no final de 2023 e está voltando aos holofotes. Panda gigante Wang Wang, que mora no zoológico de Adelaide, na Austrália, foi visitada pelo primeiro-ministro chinês Li Qiang em 16 de junho de 2024.
Asanka Brendon Ratnayake/Pool Photo via AP
Durante uma visita à Austrália esta semana, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, fez um gesto clássico de boa vontade que sinaliza boas perspectivas para as relações entre os dois países: ele ofereceu enviar pandas.
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A oferta vem em um momento em que os laços entre a Austrália e seu maior parceiro comercial estão melhorando após uma disputa diplomática que levou a China a impor uma série de restrições às exportações agrícolas e minerais australianas em 2020.
E não foi apenas para a Austrália. No final de maio, foi anunciado que um casal de pandas será enviado ao Zoológico Nacional, em Washington. A China também ofereceu dois pandas ao Brasil para comemorar os 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os países. A diplomacia dos pandas está de volta aos holofotes.
Nativos da China, os pandas se tornaram “embaixadores da amizade” ao longo dos anos, o que deu à abordagem da China de presentear esses animais a denominação de “diplomacia dos pandas”.
Os animais também já foram usados para mostrar a ira chinesa em momentos de deterioração de relações diplomáticas entre a China e determinado país. Em 2023, os chineses havia pedido a devolução de pandas para diversos países.
Nesta matéria, você vai entender o que é a diplomacia dos pandas e como ela funciona:
Quando a ‘diplomacia dos pandas’ começou?
Qual é a política da ‘diplomacia dos pandas’?
Como a ‘diplomacia dos pandas’ funciona?
Os pandas ainda estão ameaçados de extinção?
Panda gigante é flagrado soluçando na China
Quando a ‘diplomacia dos pandas’ começou?
Desde sua fundação em 1949, a República Popular da China tem praticado a “diplomacia dos pandas” para melhorar sua imagem internacional, seja presenteando ou emprestando pandas a zoológicos estrangeiros, utilizando os animais como embaixadores animais de boa vontade.
O ex-líder chinês Mao Zedong, em 1957, presenteou um panda, Ping Ping, à antiga União Soviética para celebrar o 40º aniversário da Revolução de Outubro, que instaurou o regime soviético.
Para consolidar ainda mais os laços com seus aliados socialistas, a China despachou outro panda para a União Soviética em 1959 e mais cinco para a Coreia do Norte entre 1965 e 1980.
Em 1972, Pequim presenteou dois pandas, Ling Ling e Hsing Hsing, aos Estados Unidos após a visita histórica do então presidente Richard Nixon, como um sinal de relações normalizadas entre China e EUA, marcando um momento crucial para a política externa chinesa.
Desde então, outros países, incluindo Japão, França, Reino Unido e Espanha também receberam pandas.
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AP Photo/Jose Luis Magana
Qual é a política da ‘diplomacia dos pandas’?
A China parou de presentear pandas em 1984 por conta da redução do número dos animais e começou a emprestá-los a zoológicos estrangeiros, geralmente em pares por 10 anos, com uma taxa anual de até cerca de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,4 milhões).
Embora manter pandas possa ser caro para os zoológicos, os animais são vistos como atrativos para visitantes e ajudam a gerar receita.
Após o término dos acordos de empréstimo, é comum os pandas retornarem para casa, no sudoeste da China. Filhotes de panda nascidos no exterior não são exceção e são enviados para casa entre dois e quatro anos de idade para se juntarem a um programa de reprodução chinês.
Como a ‘diplomacia dos pandas’ funciona?
A China tem uma história de usar pandas para recompensar seus parceiros comerciais. Um estudo da Universidade de Oxford de 2013 disse que o momento do aluguel de pandas pela China para o Canadá, França e Austrália “coincidiu” com acordos de urânio e contratos com esses países.
Os acordos de pandas com outros países, incluindo Cingapura, Malásia e Tailândia, também coincidiram com a assinatura de acordos de livre comércio.
Às vezes, pandas também são usados para expressar o descontentamento da China com uma nação.
Em 2010, a China retirou dois pandas nascidos nos EUA, Tai Shan e Mei Lan, após Pequim alertar Washington contra uma reunião agendada entre o então presidente Barack Obama e o Dalai Lama, visto pelo governo chinês como um perigoso separatista.
Em uma recente queda nas relações bilaterais, Ya Ya, emprestada aos EUA por 20 anos, foi devolvida em abril de 2023.
Preocupações com sua saúde também alimentaram um sentimento nacionalista nas redes sociais chinesas, com defensores dos animais acusando o Zoológico de Memphis, no Tennessee, de fornecer cuidados inadequados ao animal.
Em novembro de 2023, outros três pandas foram embora, deixando apenas quatro pandas gigantes em solo americano. Na ocasião, o presidente chinês Xi Jinping sugeriu estar aberto a enviar mais pandas aos EUA após se encontrar com o presidente Joe Biden na Califórnia, um gesto visto como a disposição chinesa de melhorar os laços.
Os pandas ainda estão ameaçados de extinção?
Segundo programas de conservação doméstica da China, o status dos pandas melhorou de ameaçado para vulnerável nos últimos anos.
A população de pandas gigantes na natureza cresceu de cerca de 1.100 na década de 1980 para 1.900 em 2023.
Atualmente, existem 728 pandas em zoológicos e centros de reprodução ao redor do mundo.

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