Diretor da OMS apela para Israel desistir de ofensiva em Rafah e vê risco de mais ‘mortes e sofrimento’

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Israel não deu mais detalhes nem anunciou uma data para a ofensiva. Em fevereiro, Netanyahu havia pedido ao Exército israelense que elaborasse um plano para a retirada da população da cidade, que recebeu cerca de 1,5 milhão de palestinos refugiados desde o início da guerra. Destruição em Rafah
Mohammed Salem/Reuters
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez um apelo neste sábado (16) para que Israel desista de invadir a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 1,5 milhão de palestinos.
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Na sexta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou os planos do Exército para invadir a cidade.
Estou seriamente preocupado com relatos de um plano israelense para prosseguir com um ataque terrestre a Rafah. Uma nova escalada da violência nesta área densamente povoada levaria a muito mais mortes e sofrimento, especialmente com as instalações de saúde já sobrecarregadas”, disse Adhanom na rede social X (ex-Twitter).
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O gabinete de Netanyahu não fornecer mais detalhes nem estabelecer uma data para o início da operação, que gera preocupação internacional.
O porta-voz do governo dos Estados Unidos para assuntos de segurança, John Kirby, disse que os EUA ainda não viram o plano do Exército israelense, mas que gostariam de o ver. O país americano é o principal aliado de Israel.
O porta-voz da Organização das Nações Unidas, Stephane Dujarric, expressou temor pela notícia: “As consequências de uma operação militar em Rafah nas atuais circunstâncias seriam catastróficas para os palestinos em Gaza, seria catastrófica para a situação humanitária. Esperamos que tudo isso possa ser evitado”, disse.
Desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, os palestinos da Faixa de Gaza deixaram o norte, o centro e outras cidades do sul do território palestino por conta de bombardeios e ações por terra do Exército de Israel e se refugiaram em Rafah, que faz fronteira com o Egito. Veja antes e depois da cidade.
Em fevereiro, o primeiro-ministro israelense havia ordenado que seu Exército preparasse um plano de retirada da população civil de Rafah, com a intenção de entrar na cidade para combater o Hamas.
Netanyahu pretende ocupar toda a cidade temporariamente e, por isso, pediu o plano aos militares. Segundo o premiê israelense, Rafah é também o último bastião do Hamas e, portanto, o último front de batalha para completar sua guerra contra o grupo terrorista.
Desde que anunciou os planos de fazer operação militar em Rafah, em fevereiro, o Exército israelense vem bombardeando alvos na cidade.
É na cidade, também, para onde os milhares de estrangeiros que estavam na Faixa de Gaza quando a guerra estourou vão quando recebem autorização para deixar o território – eles saem de lá pela passagem fronteiriça com o Egito, aberta apenas para a entrada de ajuda humanitária e saída de estrangeiros previamente autorizados ou de casos hospitalares emergenciais.
Guerra em Gaza: palestinos observam destruição causada por bombardeio de Israel em Rafah, em 9 de fevereiro de 2023.
Mahmud Hams / AFP
O Egito não autoriza a entrada de palestinos em seu território, a não ser em casos excepcionais.
O anúncio foi criticado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que disse que a ocupação pode ter graves consequências humanitárias, já que a população não tem para onde ir.
Os Estados Unidos, que têm criticado as ações de Israel em Gaza, também vinham tentando que o acordo para uma nova trégua entre as duas partes desde antes de Netanyahu anunciar a intenção da ofensiva em Rafah.
No entanto, as negociações se alongam desde então. O grupo terrorista Hamas enviou uma nova proposta de cessar-fogo na quinta-feira (14) e nesta sexta (15) Israel enviou uma comitiva ao Catar para dar prosseguimento às tratativas.
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Rafah antes e depois dos refugiados da guerra
Imagens aéreas de Rafah mostram o assentamento de refugiados da guerra no local. É possível ver o impacto do deslocamento de cerca de 1,5 milhão de pessoas de diversas regiões da Faixa de Gaza para a cidade, que tem população de 280 mil pessoas. (Veja foto abaixo)
Veja impacto do deslocamento da população da Faixa de Gaza para a cidade de Rafah, no Egito.
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ONU é contra deslocamento forçado de civis
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, afirmou na sexta (9) que os civis palestinos em Rafah, na Faixa de Gaza, precisam ser protegidos, mas é contra um deslocamento forçado em massa de pessoas. A declaração veio em meio à ordem de Netanyahu para evacuação da cidade.
“Estamos extremamente preocupados com o destino dos civis em Rafah. As pessoas precisam ser protegidas, mas também não queremos ver nenhum deslocamento forçado em massa de pessoas, o que é, por definição, contra a vontade delas. Não apoiaríamos de forma alguma o deslocamento forçado, que vai contra o direito internacional”, disse Dujarric.
Egito reforça segurança
O Egito enviou cerca de 40 tanques e veículos blindados de transporte de pessoal a região da cidade de Rafah, no nordeste do Sinai, nas últimas duas semanas.
A medida do governo egípcio faz parte de uma série de medidas para reforçar a segurança na fronteira com Gaza, segundo duas fontes de segurança do país ouvidas pela Reuters. O destacamento ocorreu antes da expansão das operações militares israelenses em torno de Rafah.

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