EUA falam em ‘retórica irresponsável’ de Putin após presidente russo ameaçar usar armas ‘capazes de destruir a civilização’

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Ameaça do presidente russo foi em resposta à possibilidade, levantada pela França, do envio de tropas da Otan à Ucrânia. Segundo Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, os Estados Unidos não têm sinal algum de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma nuclear. O presidente russo, Vladimir Putin, durante discurso a deputados da Rússia, em 29 de fevereiro de 2024.
Sputnik/Gavriil Grigorov/Kremlin via Reuters
Os Estados Unidos chamaram de “retórica irresponsável” a fala de Vladimir Putin nesta quinta-feira (29), em que o presidente russo ameaçou utilizar armas nucleares “capazes de destruir o mundo” na Ucrânia.
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Em discurso sobre o Estado da Nação feito em Moscou, Putin disse que poderia usar esse tipo de armamento caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) envie tropas para lutar contra a Rússia na guerra na Ucrânia.
“Não é a primeira vez que vemos uma retórica irresponsável de Vladimir Putin. Não é assim que o líder de um Estado com armas nucleares deve se expressar”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller.
Apesar da ameaça de Putin, Miller disse que os Estados Unidos não têm sinal algum de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma nuclear e continuarão a monitorar cuidadosamente.
Ameaça nuclear
Dirigindo-se a legisladores e membros da elite do país, Putin disse que os líderes ocidentais não compreendiam quão perigosa poderia ser a sua intromissão no que ele considera um guerra de “assuntos internos”.
“(As nações ocidentais) devem perceber que também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto realmente ameaça um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Será que eles não percebem isso?!” disse Putin.
O presidente russo, que concorre à reeleição este ano, disse ainda ter um “arsenal nuclear amplamente modernizado, o maior do mundo”.
A possibilidade do envio de tropas da Otan foi levantada no início da semana pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que integra a aliança militar ocidental. Outros membros da organização, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, negaram haver um plano para enviar soldados à Ucrânia, mas a ameaça de Macron gerou reação imediata da Rússia.
“As forças nucleares estratégicas estão num estado de prontidão total”, disse ele, observando que as armas nucleares hipersônicas de nova geração de que falou pela primeira vez em 2018 foram implantadas ou estavam numa fase em que o desenvolvimento e os testes estavam a ser concluídos.
No discurso, um dos mais duros de Putin desde o início da guerra, há dois anos, o líder russo fez referência ainda ao desfecho de líderes ocidentais do passado como Adolf Hitler, da Alemanha nazista, e Napoleão Bonaparte, da França, que invadiram a Rússia.
“Mas agora as consequências serão muito mais trágicas”, disse Putin. “Eles acham que (a guerra) é uma caricatura”. O presidente russo disse ainda que os políticos ocidentais esqueceram o que significava uma guerra real porque, segundo ele, não enfrentaram os mesmos desafios de segurança que os russos nas três últimas décadas.
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No discurso, Vladimir Putin falou também do desempenho de suas tropas nos fronts de batalha na Ucrânia. Ele disse ter havido avanço “em vários pontos”, sem determinar quais. E disse que deve reforçar tropas nas fronteiras ocidentais com a União Europeia após a aprovação da entrada da Suécia na Otan.
Apesar da ameaça nuclear, Putin chamou de “absurdas” acusações recentes feitas pelo Ocidente de que as forças russas poderiam ir além da Ucrânia e atacar os países europeus.
Putin disse que Moscou está aberta a discussões sobre estabilidade estratégica nuclear com os Estados Unidos.
“Às vésperas das eleições presidenciais dos EUA, eles simplesmente querem mostrar aos seus cidadãos e a todos os outros que ainda governam o mundo”, afirmou o líder russo.

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