Forças de segurança do Peru realizam operação de busca e apreensão contra presidente do país por supostos relógios Rolex não declarados

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Escândalo dos relógios da marca Rolex explodiu com uma reportagem do programa jornalístico “La Encerrona”. A matéria revelou que Boluarte utilizou vários relógios da marca de luxo em eventos oficiais desde que tomou posse como vice-presidente do governo do ex-presidente Pedro Castillo e ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social em 2021. Dina Boluarte, presidente do Peru
Reprodução
As forças de segurança do Peru realizaram uma operação de busca e apreensão neste sábado (30) na residência da presidente do país, Dina Boluarte, e na sede do governo. A polícia investiga se a chefe de Estado possui relógios Rolex não declarados como parte de seus bens.
Durante madrugada, policiais e representantes do Ministério Público entraram na casa de Boluarte, em Lima, capital do Peru, e depois revistaram o palácio do governo. Segundo o chefe de gabinete da presidente, Boluarte estava na residência quando aconteceu a operação.
O coronel Harvey Colchado, um dos responsáveis pela operação, não informou se os relógios foram encontrados na operação. Ele alegou que a investigação foi realizada em caráter “reservado”.
As operações de busca aconteceram depois que o Ministério Público não aceitou que a presidente reagendasse uma audiência na qual deveria mostrar os relógios e seus comprovantes de compra.
Segundo um documento da polícia, quase 40 agentes e promotores participaram na operação.
O primeiro-ministro do Peru, Gustavo Adrianzén, criticou as operações. “O que aconteceu constitui um ataque intolerável à dignidade da Presidência da República e à Nação que representa. Estas ações são desproporcionais e inconstitucionais”.
Na presidência desde dezembro de 2022, Boluarte começou a ser investigada este mês por suposto crime de enriquecimento ilícito e omissão de apresentar declarações em documentos públicos.
Impactos para Boluarte
Se a presidente for indiciada por enriquecimento ilícito, a presidente só responderá a um eventual julgamento depois de julho de 2026, quando termina o seu mandato, segundo estabelece a Constituição. A investigação, no entanto, pode prosseguir neste período.
O escândalo, porém, pode resultar em um pedido de vacância (destituição) de Boluarte no Congresso, sob a alegação de “incapacidade moral”.
Para que isto aconteça, as bancadas de partidos de direita, que têm maioria no Parlamento unicameral e representam a principal base de apoio da presidente, terão que apoiar as bancadas minoritárias de esquerda em uma aliança difícil de ser concretizada.
Mãos limpas
O escândalo dos relógios da marca Rolex explodiu com uma reportagem do programa jornalístico “La Encerrona” exibida há algumas semanas.
A reportagem revelou que Boluarte utilizou vários relógios da marca de luxo em eventos oficiais desde que tomou posse como vice-presidente do governo do ex-presidente Pedro Castillo e ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social em 2021.
O período analisado pelo programa vai até dezembro de 2022, mês em que ela assumiu a presidência.
Após a exibição da reportagem, Boluarte afirmou que era um relógio “antigo”, produto do seu “esforço”, já que trabalha desde os 18 anos. “Entrei no Palácio de Governo com as mãos limpas e sairei com as mãos limpas, como prometi ao povo peruano”.
Com o escândalo, a Controladoria da República anunciou que revisaria novamente as declarações de bens apresentadas por Boluarte nos últimos dois anos em busca de um eventual desequilíbrio patrimonial.
O Ministério Público já investiga Boluarte por supostos crimes de “genocídio, homicídio qualificado e lesões graves”, em um processo aberto no ano passado pela morte de mais de 50 cidadãos durante os protestos sociais entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.
Boluarte foi interrogada pela primeira vez em março de 2023 no âmbito desta investigação.

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