‘Israel já concordou com cessar-fogo; se o Hamas fizesse o mesmo, o conflito poderia parar hoje’, diz diplomata dos EUA na ONU

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Em seu discurso após a aprovação do texto, Linda Thomas-Greenfield pressionou o grupo terrorista para aceitar a trégua. O Hamas saudou a adoção da proposta pela ONU e disse que vai cooperar com os mediadores. Reunião do Conselho de Segurança da ONU em abril de 2024
Charly Triballeau/AFP
Israel já concordou a resolução de cessar-fogo na guerra contra o Hamas, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (10), e uma possível trégua no conflito estaria nas mãos do grupo terrorista, segundo a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
“Hoje, o Conselho manda uma mensagem clara ao Hamas: aceite a proposta de cessar-fogo . Israel já concordou com o acordo e o conflito poderia parar hoje, se o Hamas fizesse o mesmo. Repito: o conflito poderia parar hoje”, afirmou Linda Thomas-Greenfield após a aprovação da resolução.
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A resolução, elaborada por Israel com a ajuda dos EUA e proposta ao Conselho da ONU pelos americanos, demanda “as duas partes a aplicarem plenamente os seus termos, sem demora e sem condições”.
Em uma primeira fase, o plano de trégua prevê os seguintes termos:
Cessar-fogo com duração de seis semanas;
Recuo das forças Israel das áreas densamente povoadas da Faixa de Gaza;
Libertação de certos reféns sequestrados durante o ataque do grupo terrorista Hamas e de prisioneiros palestinos detidos por Israel.
Em comunicado, o Hamas saudou a aprovação da resolução de cessar-fogo e afirmou que está pronto para cooperar com os mediadores para a implementação dos termos do acordo. Israel ainda não se manifestou oficialmente até a última atualização desta reportagem.
O texto da resolução, à qual a agência de notícias AFP teve acesso, “saúda” uma proposta de trégua anunciada em 31 de maio pelo presidente americano, Joe Biden. Também afirma, diferentemente das versões anteriores, que o plano foi “aceito” por Israel.
Embora Biden tenha afirmado que o plano surgiu de Israel, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que pretende continuar a guerra até acabar com o Hamas.
O placar da votação foi de 14 votos a favor, zero contra e 1 abstenção, da Rússia. A aprovação do projeto, no entanto, não significa que as partes em guerra, Israel e Hamas vão cumpri-lo. (Leia mais abaixo)
“Queremos pressionar o Hamas para que aceite este acordo, é por isso que temos esta resolução, porque estamos prestes a conseguir algo realmente importante”, acrescentou o representante dos Estados Unidos, país que tem sido amplamente criticado por bloquear vários projetos de resolução que pediam um cessar-fogo em Gaza.
Joe Biden apresenta plano de paz para Faixa de Gaza
Em março, o Conselho de Segurança já havia aprovado uma resolução de cessar-fogo imediato na guerra, que não foi seguida por Israel e Hamas. Isso acontece porque, embora as resoluções aprovadas pelo Conselho sejam juridicamente vinculativas, na prática acabam ignoradas por muitos países.
“Uma resolução não tem força coercitiva. O que é mais falho no sistema jurídico internacional é exatamente o mecanismo de sanções. Ainda é muito difícil impor uma obrigação. Israel, por exemplo, já foi condenado pela Corte de Haia pela construção do muro (entre seu país e a Cisjordânia) e não deu a menor satisfação”, afirmou ao g1 a ex-juíza do Tribunal de Haia Sylvia Steiner em novembro de 2023, no contexto da votação de uma outra resolução para a guerra.
Gabinete de Guerra israelense
No domingo, Benny Gantz, que faz parte da coalizão do governo Netanyahu, anunciou que deixou o Gabinete de Guerra do governo de Israel.
Gantz estava pedindo um acordo de cessar-fogo e propunha que uma entidade independente, formada por americanos, europeus, palestinos e outros árabes, formassem uma organização para governar a Faixa de Gaza após a guerra.
Com a saída de Gantz, um moderado, do gabinete de guerra, a tendência é que os grupos mais conservadores tenham mais poder para tomar as decisões sobre a guerra.
Secretário de Estado americano vai ao Oriente Médio
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em visita ao Oriente Médio, pediu nesta segunda-feira que os países da região pressionem o movimento islamista palestino para que aceite o acordo.
“Minha mensagem para os governos na região é que, se quiserem um cessar-fogo, pressionem o Hamas para que diga sim”, disse ele aos jornalistas no Cairo.
Desde o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro e da resposta israelense em Gaza, o Conselho de Segurança tem lutado para se expressar de forma unida sobre o conflito.
Depois de duas resoluções focadas principalmente na ajuda humanitária, no final de março finalmente exigiu um “cessar-fogo imediato” durante o Ramadã, com a abstenção dos EUA.

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