Israel teve conhecimento do plano do Hamas três semanas antes do massacre, revela documento

Segundo emissora de TV, as Forças de Defesa ignoraram relatório que descrevia com detalhes o treinamento de militantes perto da fronteira de Gaza e a intenção de sequestrar reféns. Oito meses depois do maior ataque terrorista perpetrado no país, os israelenses se questionam, com a mesma incredulidade do primeiro dia, como pôde isso acontecer a um governo que dispunha de um dos mais sofisticados sistemas de inteligência do mundo e barreiras tecnológicas até então consideradas intransponíveis.
Um documento revelado esta semana pela emissora pública Kan News mostrou que as Forças de Defesa de Israel (IDF na sigla em inglês) tiveram conhecimento, pelo menos três semanas antes do massacre de 7 de outubro, do plano do Hamas para invadir o sul do país, atacar postos militares e kibutzim e sequestrar de 200 a 250 reféns.
A meta foi alcançada pelo grupo terrorista, que levou à força 251 homens, mulheres e crianças para Gaza.
Compilado pela divisão especializada na Faixa de Gaza da IDF, o relatório começou a circular em 19 de setembro entre altos funcionários dos serviços de inteligência.
Segundo a emissora de TV, foi ignorado e se concretizou tragicamente, semanas depois, com a morte de 1.200 pessoas, desencadeando a traumática guerra que Israel vem travando desde então contra o Hamas na Faixa de Gaza.
O documento, a que a emissora teve acesso, descrevia detalhadamente os exercícios realizados por unidades de elite do Hamas. Incluía ataques simulados a um posto do exército na fronteira e instruções específicas para o tratamento de soldados e reféns.
Este é mais um dos sinais de alerta desprezados pelas forças de defesa de Israel sobre os planos do Hamas para atacar seu território. Todos convergem na mesma linha: treinamentos e atividades de militantes detectados por soldados na fronteira.
As soldadas Yael Rotenberg e Maya Desiatnik, que sobreviveram ao massacre, relataram, três semanas depois, terem informado a seus comandantes sobre os exercícios que observavam perto da fronteira e se intensificavam na frequência.
Ouviram deles que o relato não era importante e que não havia nada que pudesse ser feito a respeito.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu protela as investigações sobre falhas que levaram ao massacre para depois da guerra que não tem data para terminar em Gaza.
De acordo com a emissora Kan, o Exército isrelense começará a analisar as suas falhas no início de julho e até que ponto subestimaram a capacidade do Hamas de realizar o ataque.
Espera-se que cabeças rolem assim que a situação na frente de guerra se estabilizar. Até agora, a principal baixa é a do chefe da Diretoria de Inteligência Militar das Forças de Defesa de Israel, o general Aharon Haliva, que apresentou a sua demissão e assumiu, num relato dramático, a responsabilidade pelas falhas que levaram, no dia 7 de outubro, à invasão do território israelense.
“A Direção de Inteligência sob o meu comando não cumpriu a sua tarefa. Carrego aquele dia negro comigo desde então, todos os dias, todas as noites. Suportarei para sempre a terrível dor da guerra”, escreveu em sua carta de demissão.

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