Oposição venezuelana recorre a pôster para apresentar aos eleitores candidato desconhecido que desafiará Maduro

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Candidato de última hora da coalizão opositora, Edmundo González Urrutia não é conhecido pelos venezuelanos e conta com María Corina Machado como seu principal cabo eleitoral. Campanha no interior da Venezuela começa neste sábado. Cartaz com rosto de Edmundo González Urrutia, escolhido pela oposição de Maduro para concorrer contra o presidente nas eleições na Venezuela, é apresentado ao público por María Corina Machado, impedida de concorrer.
Reprodução/redes sociais
Inabilitada pelo regime venezuelano de concorrer às eleições, María Corina Machado percorre o país e faz campanha pelo candidato Edmundo González Urrutia — um ex-diplomata de 74 anos, autorizado a representar a oposição, pela Plataforma Unitária Democrática.
Abraçada a um pôster do candidato num dos comícios no estado de Trujillo, no noroeste do país, María Corina aponta para o rosto dele e pergunta: “Em 28 de julho todo mundo vai votar em…?”. A multidão responde em coro, respeitando a rima: “Edmundo!”
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Assim, por meio da principal adversária política de Nicolás Maduro, Edmundo González é apresentado aos eleitores nas localidades mais afastadas dos centros urbanos. A apenas dez semanas das eleições, o candidato da coalizão opositora só iniciará as viagens pelo país neste sábado (18), começando pelo estado de Aragua, mais precisamente por La Victoria, sua cidade natal.
Desconhecido dos venezuelanos, González Urrutia é o candidato que restou à oposição, já que a historiadora Corina Yoris, indicada por María Corina Machado para substituí-la, também foi impedida de registrar sua candidatura no Conselho Nacional Eleitoral.
Até ser escolhido de última hora para concorrer às eleições, ele nunca havia ocupado um cargo eletivo e sequer fazia planos para entrar na política. Na cédula eleitoral apresentada pelo CNE, González Urrutia está em desvantagem.
O rosto de Maduro ocupa a primeira fila de candidatos e aparece 13 vezes, representando o número de partidos políticos que apoiam sua candidatura. O candidato opositor aparece três vezes, mas só no meio da segunda fila.
Nesta campanha atípica, em que pela primeira vez o chavismo corre um risco real de ser desbancado, María Corina tem atuado como o maior cabo eleitoral do agora principal concorrente de Maduro.
Embora María Corina Machado tenha vencido as primárias organizadas pela oposição em 2023 para escolher o candidato que disputará a presidência da Venezuela, não poderá participar das eleições.
Gaby Oráa/Reuters
O grande desafio do candidato é atrair para si a popularidade e os votos da líder da oposição, escolhida nas primárias de outubro passado. Uma pesquisa recente do Instituto Datincorp deu fôlego à coalizão de partidos que desafiam o regime. Indicou que numa disputa polarizada entre González Urrutia e Maduro, o opositor tem 62% das intenções de votos contra 20% do presidente.
Por enquanto, María Corina e González Urrutia trabalham em dupla. Juntos, apareceram, por exemplo, num vídeo para lançar o projeto dos chamados comanditos, grupos compostos por dez pessoas para fiscalizar as eleições.
“Todos devemos saber a importância que os comandantes têm neste processo eleitoral de 2024. Então, que cada um de nós se organize, para ativar a organização dos nossos comandantes para mudar a Venezuela”, pede o candidato.
Pode-se dizer que a campanha da oposição, assim como a reação do regime, tem sido ditada basicamente pela atuação de María Corina Machado. Caberá a ela, ainda que abraçada ao pôster de Edmundo González Urrutia, a responsabilidade de energizar a sua campanha e transferir seus votos para ele.
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