Premiê da Eslováquia segue em estado ‘muito grave’ após tentativa de assassinato

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Cinco tiros foram disparados contra o premiê após uma reunião de governo em Handlová, sendo que um deles o atingiu no abdômen, segundo a imprensa local. Suspeito tem 71 anos. Robert Fico foi transferido de helicóptero para um hospital, onde passou por cirurgia. Primeiro-ministro da Eslováquia sofre tentativa de assassinato
O estado de saúde do primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi estabilizado, mas o quadro permanece “muito grave”, anunciou o vice-primeiro-ministro Robert Kalinak, um dia após o chefe de Governo ter sido atingido por vários tiros.
“Os médicos conseguiram estabilizar o paciente durante a noite”, afirmou Kalinak, que também é ministro da Defesa.
“Infelizmente, o estado de saúde ainda é muito grave porque os ferimentos são complexos”, acrescentou em uma entrevista coletiva diante do hospital Roosevelt de Banska Bystrica, na região central do país.
Fico, de 59 anos, foi submetido na quarta-feira a uma cirurgia de cinco horas, informou a diretora do hospital, Miriam Lapunikova. Ela confirmou um quadro “realmente grave” e disse que o primeiro-ministro permanecerá na UTI.
Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, em imagem de 2018
Vladimir Smicek/AFP
Robert Fico foi atingido por vários tiros na tarde de quarta-feira, após uma reunião de governo em Handlova, no centro da Eslováquia. Um dos disparos atingiu o abdômen.
O atentado provocou uma grande comoção no país do centro da Europa e uma onda de condenações internacionais.
Segundo Kalinak, este foi um “ataque político” e é necessário reagir ao atentado.
Suspeito detido
A polícia anunciou a detenção de um suspeito, um homem de 71 anos. Até o momento, as autoridades não divulgaram qualquer informação sobre a motivação.
Segundo a imprensa eslovaca, o atirador era um ex-segurança de um shopping center e membro da Sociedade Eslovaca de Escritores. O Aktuality também disse que o idoso já fez publicações contra imigrantes e pró-Rússia nas redes sociais.
O filho do suspeito disse ao Aktuality que seu pai tinha licença para posse de armas, mas afirmou estar “em choque” com o ataque.
Homem é detido após o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ser baleado no dia 15 de maio de 2024
Radovan Stoklasa/Reuters
“Não tenho absolutamente nenhuma ideia do que meu pai pretendia, o que ele planejou, o que aconteceu”, disse o filho, segundo o site eslovaco.
A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputová, condenou em nota o “brutal” ataque sofrido por Fico, e lhe desejou uma pronta recuperação.
O líder da oposição, Michal Šiimečka, reafirmou que seu grupo político não tem relação com o atentado.
Entre os líderes que condenaram o atentado também estão o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, além de Vladimir Putin e Joe Biden, entre outros.
Pró-Rússia, ‘antivaxer’ e nacionalista
Robert Fico, de 59 anos, foi o mais votado nas eleições gerais de setembro de 2023 na Eslováquia com uma plataforma pró-Putin, contra a ajuda da União Europeia e da Otan à Ucrânia.
A posição da Eslováquia é relativamente importante, já que o país faz parte da Organização Militar do Atlântico Norte, a aliança militar do Ocidente.
Mapa da Eslováquia com a cidade de Handlová, onde o primeiro-ministro, Robert Fico, sofreu atentado
Editoria de Arte/g1
O partido de Fico, o Direção Social-Democracia (Smer-SSD), é mais nacionalista e socialmente conservador, criticando o liberalismo social, que diz ser imposto a partir de Bruxelas.
Fico já deu declarações condenando o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por esses casais. Em questões econômicas, ele é visto como trabalhista, tendo implementado reformas que dão direito a aviso prévio, regras mais rígidas para horas extras e mais poder a sindicatos.
Ele expressou posições anti-imigração de muçulmanos para o país e, em política externa, é visto como pró-Rússia e contra a instalação de bases militares dos EUA na Europa Central.
Durante a pandemia, na oposição, ele promoveu uma campanha de desinformação contra a Covid-19 e as vacinas, chegando a compará-las a armas biológicas.
Fico já havia sido premiê em outros dois períodos, entre 2006 e 2010, e entre 2012 e 2018. Desta última vez, ele renunciou ao cargo ao ser pressionado pela oposição, depois do assassinato de um jornalista que investigava a corrupção em seu governo.

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