Caso Marielle: ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa presta depoimento à PF nesta segunda

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Delegado, apontado como mentor intelectual do crime, será ouvido na Penitenciária Federal de Brasília, onde está preso. Depoimento foi marcado após Barbosa escrever um bilhete, na cadeia, implorando para ser ouvido pela Polícia Federal. Caso Marielle: outros assassinatos cometidos enquanto Rivaldo Barbosa era chefe da DH do Rio e da Polícia Civil ficaram sem solução
Jornal Nacional/ Reprodução
O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, preso como mentor intelectual do assassinato de Marielle Franco, presta depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (3), na Penitenciária Federal de Brasília, onde está preso.
O depoimento foi marcado após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e depois de o delegado escrever um bilhete, na cadeia, implorando para ser ouvido pela PF.
O blog da Andreia Sadi apurou que Barbosa está “sedento para falar”.
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“São informações que ele foi lembrando desde 2018, quando ele assumiu a chefia, o que teve repercussão. Ele vai falar muito no depoimento dele sobre o que aconteceu nos bastidores em relação à nomeação dele para o chefe de polícia”, disse o advogado de defesa de Rivaldo Barbosa, Marcelo Ferreira.
A Polícia Federal considera Barbosa como uma peça-chave para desvendar a atuação do que uma fonte da corporação chama de “máfias que atuam na execução e acobertamento de crimes no Rio de Janeiro”.
Rivaldo foi preso em 24 de março, no Rio de Janeiro, junto dos outros dois mandantes do assassinato da ex-vereadora: o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão.
Os três foram enviados, no mesmo dia da prisão, para a Penitenciária Federal de Brasília. Mas no dia 27, Chiquinho foi transferido para o presídio federal de Campo Grande e o irmão dele, Domingos Brazão, para Porto Velho.
Ronnie Lessa
Em delação premiada, homologada pelo STF em março, Ronnie Lessa, o suspeito de ser o autor dos disparos contra Marielle, afirmou que Rivaldo Barbosa atuou para tentar protegê-los da investigação depois do assassinato.
“Falaram o tempo todo que o Rivaldo estava vendo, que o Rivaldo já está redirecionando e virando o canhão para outro lado, que ele teria de qualquer forma que resolver isso, que já tinha recebido pra isso no ano passado, no ano anterior, ele foi bem claro com isso: ‘ele já recebeu desde o ano passado, ele vai ter que dar um jeito nisso’. Então, ali, o clima já estava um pouco mais tenso, a ponto até mesmo na forma de falar”, relatou Lessa.
O advogado de Rivaldo Barbosa alegou que ele nunca teve contato com supostos mandantes do crime e que não há registro de recebimento de valores provenientes de atos ilícitos. Também criticou a atuação da PF, dizendo que o relatório da investigação se baseia só nas palavras de um assassino, sem provas concretas.
Mudanças na polícia
Um dia antes do crime, Rivaldo Barbosa se tornou o chefe de polícia do Rio de Janeiro e, um dia depois do assassinato, nomeou o delegado Giniton Lajes para comandar a Delegacia de Homicídios.
No relatório da investigação, a Polícia Federal afirma que a escolha de um homem de confiança serviu para que os trabalhos de sabotagem se iniciassem no momento mais sensível da apuração do crime.
Os investigadores dizem ainda que Rivaldo e o delegado escolhido por ele só prenderam os executores por pressão imposta pela sociedade e pela mídia — e para preservar os autores intelectuais.
A defesa de Giniton Lajes chamou a acusação contra ele de “infâmia grosseira”. Disse que ele é o responsável por descobrir a autoria do crime e não a Polícia Federal.

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