Enquanto Lula encontra Maduro, regime venezuelano apresenta proposta para realizar eleições em seus próprios termos

Acordo aprovado pela Assembleia governista, enterra o pacto assinado em Barbados e propõe 27 datas para o pleito, sem a participação do principal partido opositor. No mesmo dia em que o presidente Lula encontra Nicolás Maduro, o governo da Venezuela apresenta ao Conselho Nacional Eleitoral uma proposta para impor eleições presidenciais conforme a sua conveniência.
Aprovado pela Assembleia Nacional, de maioria governista, o novo acordo enterra o que foi firmado em outubro passado em Barbados pelo regime e opositores e sugere nada menos do que 27 prováveis datas para a realização das eleições presidenciais.
Maduro sustenta que o documento é mais abrangente e substitui os assinados anteriormente com a oposição. Contudo, exclui a participação da Plataforma Unitária Democrática, que elegeu nas primárias a candidata María Corina Machado para concorrer às eleições. Ela foi considerada inelegível pelo Tribunal Supremo de Justiça, também controlado pelo chavismo.
Dessa forma, o acordo apresentado pelo regime revela-se como mais uma artimanha do regime para tirar a legitimidade do pleito, que deverá se realizar ainda este ano. O documento tem 152 assinaturas de representantes de setores que o presidente da Assembleia Nacional considera significativos na sociedade venezuelana.
“Aqui está a vida económica, social, cultural, política e religiosa do país hoje. Aqui estão 97% dos partidos políticos devidamente registrados na CNE”, assegurou Jorge Rodríguez.
Na verdade, eles incluem “opositores” de partidos nanicos ou próximos ao governo, que não ameaçam os chavistas. Segundo pesquisa realizada pelo instituto DatinCorp, se as eleições fossem hoje, 55% dos venezuelanos votariam em María Corina Machado; 14% em Maduro e 8% em outros candidatos.
O Acordo de Barbados previa a realização de eleições livres, com a participação da oposição. Desde então, o regime de Maduro manteve a perseguição e encarceramento de opositores, sob o argumento de que participavam de planos de golpe contra o governo ou de assassinar o presidente.
“Esta intenção do regime de substituir o acordo (de Barbados) pôs em grave risco os direitos políticos. Para garantir eleições livres, deve-se cumprir o Acordo de Barbados, habilitar María Corina Machado e autorizar os observadores da União Europeia”, resumiu Juanita Goebertus, diretora da Divisão Américas da ONG Human Rights Watch.
Nada disso está previsto no documento que será apresentado nesta sexta-feira ao presidente do CNE, Elvis Amoroso, fiel escudeiro do presidente e ex-controlador-geral, responsável pelas inabilitações de políticos opositores como Machado, Henrique Capriles e Juan Guaidó. Maduro diz que o novo acordo guiará os venezuelanos às urnas. Como sempre, à maneira do regime.

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