Freire Gomes, Baptista Júnior, Theophilo de Oliveira: quem são e o que disseram os depoentes sobre a tentativa de golpe de Estado

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Ministro Alexandre de Moraes, do STF, derrubou sigilo dos depoimentos dados à Polícia Federal. Investigados e testemunhas deram suas versões sobre reuniões entre militares e a cúpula do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Alexandre de Moraes derruba sigilo de depoimentos à PF
Os depoimentos prestados na investigação da Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de golpe de estado no governo de Jair Bolsonaro (PL), que tiveram sigilo derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (15), mostram as versões apresentadas por investigados e testemunhas de reuniões entre militares e a cúpula do governo Bolsonaro.
Para não responder a questionamentos, parte dos depoentes permaneceu em silêncio e alegou que não tinham tido acesso à íntegra dos processos.
Veja, abaixo, o que disseram os depoentes:
Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu ao direito constitucional de ficar em silêncio e não respondeu a perguntas de investigadores, que apuram suposta tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro convocou os brasileiros que moram em Portugal a votar em Ventura.
Getty Images via BBC
General Freire Gomes
Ex-comandante do Exército, Freire Gomes disse à PF que Jair Bolsonaro apresentou a ele e aos outros comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto para instaurar um estado de defesa no TSE e “apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral” de 2022.
Segundo Freire Gomes, ele esteve em três reuniões e viu duas versões da minuta do golpe, cujo conteúdo era semelhante ao da minuta encontrada pela PF em janeiro de 2023 na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ele afirma que Exército deixou claro a Bolsonaro que não embarcaria em golpe.
Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
GloboNews/Reprodução
Tenente-brigadeiro Baptista Junior
Ex-comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Baptista Jr. disse que relatou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser contra as articulações para golpe de Estado e que o ex-comandante do Exército general, general Freire Gomes, afirmou a Bolsonaro que teria que prender o ex-presidente se ele tentasse consumar o plano golpista.
Novo comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Junior
CECOMSAER/Divulgação
Almirante Almir Garnier Santos
Ex-comandante da Marinha, o Almirante Garnier recorreu ao direito constitucional de ficar em silêncio e não respondeu a perguntas de investigadores, que apuram suposta tentativa de golpe de Estado.
O almirante Almir Garnier Santos foi comandante da Marinha no governo Bolsonaro
Reprodução
General Theophilo de Oliveira
Em seu depoimento, o então comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), general Theophilo afirmou que não tinha poder de decisão sobre movimentação de tropas e que respondia a decisões do comandante do Exército, à época o general Freire Gomes.
O general 4 estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira em cerimônia de transmissão do cargo de Comandante de Operações Terrestres em 1º de dezembro de 2023.
Comunicação Social do Comando de Operações Terrestres
De acordo com as investigações da PF, em 9 de dezembro de 2022, Theophilo se reuniu com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada e supostamente consentiu com a adesão ao golpe de Estado, desde que o presidente da República assinasse a medida, conforme conversas encontradas no celular do ajudante de ordens Mauro Cid.
O general confirma ter se encontrado sozinho com Jair Bolsonaro no dia 9 de dezembro, quando o presidente “desabafou” sobre o resultado das eleições, mas disse não ter relação próxima com o ex-presidente.
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Ex-ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio recorreu ao direito constitucional de ficar em silêncio e não respondeu a perguntas de investigadores, que apuram suposta tentativa de golpe de Estado.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, durante a Conferência de Ministros da Defesa das Américas, realizada em julho
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Walter Braga Netto
Ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto recorreu ao direito constitucional de ficar em silêncio e não respondeu a perguntas de investigadores, que apuram suposta tentativa de golpe de Estado.
Braga Netto é um dos alvos da operação da PF por tentativa de dar golpe de Estado
André Dusek/Estadão Conteúdo
Waldemar Costa Neto
Presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto afirmou que “não concorda” com as suspeitas levantadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, do mesmo partido, sobre a lisura das urnas eletrônicas e do resultado da eleição de 2022.
Presidente do PL, Valdemar Costa Neto
GloboNews
Também depuseram à Polícia Federal:
Anderson Torres
Carlos de Almeida
Laércio Vergílio
Coronel Bernardo Romão Correa Netto
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
Eder Lindsay Magalhães Balbino
Tercio Arnaud Tomaz
Guilherme Marques Almeida
Cleverson Ney Magalhães
Convocados que ficaram em silêncio:
Ailton Gonçalves Moraes Barros
Almir Garnier Santos
Amauri Feres Saad
Angelo Martins Denicoli
Felipe Garcia Martins Pereira
Helio Ferreira Lima
Jair Messias Bolsonaro
José Eduardo de Oliveira e Silva
Marcelo Costa Câmara
Mario Fernandes
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Rafael Martins de Oliveira
Walter Souza Braga Netto
Ronald Ferreira de Araujo Junior
Núcleos de atuação golpista
De acordo com a PF, o grupo investigado se dividiu em dois “eixos”, ou núcleos de atuação para tentar minar o resultado das eleições 2022.
O primeiro “eixo” era voltado a construir e propagar informações falsas sobre uma suposta fraude nas urnas, apontando “falaciosa vulnerabilidade do sistema eletrônico de votação”.
“[…] discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022”, pontua a Polícia Federal.
O segundo “eixo”, por sua vez, praticava atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito – ou seja, para concretizar o golpe.
Essa etapa, de acordo com as investigações, tinha o apoio de militares ligados a táticas e forças especiais.
O Exército acompanha o cumprimento dos mandados ligados aos militares, em apoio à PF.
De acordo com as investigações, se confirmadas, as condutas do grupo podem ser enquadradas em crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
[Esta reportagem está em atualização]

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