Lava Jato fez negociação paralela com autoridade dos EUA de olho em parcela da multa aplicada à Petrobras, aponta corregedor nacional de Justiça

Relatório final de inspeção da 13ª Vara Federal de Curitiba indica que cooperação internacional não seguiu legislação brasileira. Conselho Nacional de Justiça pode analisar caso nesta terça (16). O relatório da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a atuação da 13ª Vara Federal de Curitiba na Lava Jato aponta que operação fez uma “negociação paralela de flexibilização de regras” com autoridades americanas de olho em parte da multa de US$ 853,2 milhões aplicada pelo governo dos Estados Unidos à Petrobras.
O blog apurou com exclusividade dados que constam do relatório.
O documento, elaborado pelo corregedor nacional de Justiça Luís Felipe Salomão, está na pauta do CNJ desta terça-feira (16) e pode levar à punição do hoje senador Sergio Moro (Podemos-PR).
O acordo foi firmado em 2018, pouco antes da saída de Moro da 13ª vara. Do total, 80% (R$ 682 milhões) foram depositados pela Petrobras em 2019.
Naquele mesmo ano a 13ª Vara, então comandada pela juíza Gabriela Hardt – substituta de Moro – determinou que os valores fossem destinados a uma fundação que seria gerida por integrantes da Lava Jato.
Pouco depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes bloqueou os recursos.
Na segunda-feira (16), Hardt foi suspensa pelo corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, que comparou a negociação que resultou na destinação dos valores da multa dos EUA à Petrobras a um esquema de cash back.
Cooperação com os EUA não seguiu a legislação, diz corregedor
Ainda segundo o documento, elaborado pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, a cooperação internacional que permitiu a autoridades dos EUA investigarem as irregularidades na Petrobras não seguiu a legislação.
Segundo Salomão, as informações obtidas pelos americanos, que teriam constituído “a base para a construção do caso criminal pelo EUA em face da Petrobras” que desembocou no acordo bilionário não passaram pelo crivo das autoridades brasileiras e “ocorreram com violação da legislação brasileira.”

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