Lula arrisca derrotas no Congresso se ‘atropelar’ aliados nas eleições municipais, como fez em São Paulo

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Bolsonaristas veem esquerda em modo analógico após Lula reclamar de ato esvaziado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode atropelar aliados nas eleições municipais, como fez nesta semana em São Paulo (SP), pedindo votos ilegalmente para Guilherme Boulos (PSol) na disputa com Ricardo Nunes (MDB) pela prefeitura municipal.
Com movimentos assim, o petista fica sob risco de voltar a aumentar o clima de insatisfação na sua base aliada. A consequência será a imposição de derrotas em votações importantes neste primeiro semestre dentro do Congresso Nacional.
A avaliação é de aliados de Lula em partidos de centro e do Centrão, como o MDB de Baleia Rossi, que reclamou publicamente da posição do petista em São Paulo, e outros como Republicanos, União Brasil, PSB e PP.
Até assessores de Lula avaliam que ele precisa tomar cuidado na eleição, deixar para entrar em campo no segundo semestre, não agora, enquanto há muitas votações de interesse do governo no Congresso.
O resultado do pedido de votos a Boulos foi uma série de ações contra os dois, que causaram desgaste e devem gerar punições na Justiça Eleitoral. Aliados de Boulos avaliam que, apesar das críticas, o candidato do Psol à prefeitura de São Paulo faturou com a posição de Lula em seu favor.
Já os adversários de Boulos não só estão acionando a Justiça contra os dois, mas também explorando politicamente a falta de público no evento.
Ato esvaziado
Vista aérea de ato das Centrais Sindicais para marcar as celebrações pelo Dia do Trabalhador na Neo Química Arena, em Itaquera, na zona leste da cidade, nesta quarta-feira, 1º de abril de 2024. O evento conta com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Edi Sousa/Ato Press/Estadão Conteúdo
Por sinal, na avaliação de interlocutores de Lula, o fiasco do 1º de Maio mostrou a total desconexão do governo e dos sindicalistas com o novo momento da economia, em que os metalúrgicos, que antes tinham muita força política, se enfraqueceram diante das mudanças nas fábricas cada vez mais automatizadas.
Segundo esses interlocutores, houve uma falha na equipe precursora presidencial, que sempre faz uma avaliação de campo para deixar o presidente alertado sobre o clima do evento do qual ele vai participar.
O problema, dizem, é que mesmo se fosse avisado com antecedência que a tendência era de público pequeno, o presidente não podia cancelar de última hora sua participação. “Ficaria muito pior para o Lula”, afirmam.
Esse alerta e uma tentativa de melhorar a organização deveriam ter partido da Secretaria Geral da Presidência, do ministro Marcio Macedo, que cuida da área de movimentos sociais.
Caiu na conta dele a responsabilidade pelo fiasco do ato, elevando a pressão de uma ala do PT por sua saída, mas o próprio Lula admitiu que o problema é maior: não é de organização, é de momento político. E que o ministro vai permanecer na sua equipe.

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