PF: Caso Marielle revelou ‘esquema estrutural de corrupção’ para encobrir crimes ligados a jogos ilegais

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Trecho consta de decisão do ministro Alexandre de Moraes para prender mandantes do assassinato. PF quer aproveitar apurações para tentar evitar influência da milícia na eleição de 2024. Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco
Reprodução
No relatório apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão dos suspeitos de mandar matar Marielle Franco, a Polícia Federal cita a existência de um “esquema estrutural de corrupção” na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro para encobrir crimes ligados ao jogo do bicho.
Esse esquema, segundo a PF, era conduzido por Rivaldo Barbosa, que comandou a Delegacia de Homicídios e, na véspera da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes, quando assumiu o comando de toda a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Segundo a corporação, Barbosa mantinha acordos ilegais com grandes contraventores do Rio de Janeiro para encobrir autoria e motivação de crimes violentos ligados à exploração de jogos ilegais.
“Esses ajustes indicam a razão pela qual homicídios de grande repercussão na Capital Fluminense jamais eram esclarecidos”, diz a PF no relatório citado pelo ministro Alexandre de Moraes na decisão em que determinou a prisão de Barbosa e de Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do crime.
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É nesse contexto, diz a PF, que se insere o ajuste entre Barbosa e os irmãos Brazão para executar e encobrir a morte de Marielle.
Segundo a corporação, a morte da vereadora, foi um crime idealizado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e “meticulosamente planejado” pelo ex-chefe da Polícia Civil, que deu uma “garantia prévia de impunidade” aos dois.
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Influência nas eleições
As tratativas entre Brazão e Rivaldo Barbosa são um dos pontos dos quais o ex-PM Ronnie Lessa, suspeito de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, tratou em sua delação à PF.
A corporação, entretanto, pretende, agora, usar o conhecimento de Lessa – e outras informações obtidas durante a investigação dos assassinatos – para avançar sobre outros pontos da criminalidade do Rio de Janeiro dos quais ele pode ter conhecimento, principalmente milícia e jogo do bicho.
A ideia é fazer isso antes das eleições de 2024, já que a PF se preocupa em “desmilicianizar” o pleito em um momento decisivo da política no país.

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