Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher: saiba as diferenças entre endometriose e adenomiose

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Com nomes e sintomas parecidos, estes distúrbios que acometem mulheres na idade fértil não oferecem risco de vida Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher: saiba as diferenças entre endometriose e adenomiose
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Desde 1987, a data de 28 de maio ficou conhecida como o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. A proposta aconteceu durante uma das palestras do V Encontro Internacional Mulher e Saúde, que aconteceu na Costa Rica, e abordava temas como violação dos direitos reprodutivos, mortalidade materna e bem-estar médico materno e fetal.
E distúrbios ginecológicos como a adenomiose e endometriose estão diretamente relacionados à vida reprodutiva: tratam-se de doenças crônicas que acometem a mulher em idade fértil, possuem sintomas semelhantes, podem causar fortes dores, mas guardam algumas particularidades.
Endometriose
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 10% das brasileiras são afetadas por uma destas condições. Além disso, a SBRA (Associação Brasileira de Reprodução Assistida) aponta que a endometriose responde por, aproximadamente, 50% dos problemas de infertilidade.
Primeiro, é preciso detalhar que o útero é composto por três camadas: o tecido externo (serosa), uma camada intermediária mais grossa e importante durante o parto (miométrio) e o revestimento interno (endométrio).
Carolina Fernandes Giacometti, ginecologista do Hospital Albert Einstein, explica que a endometriose é quando há presença de tecido endometrial fora do útero, o que deveria existir apenas na camada interna:
“Pode estar na camada externa do útero, nos ovários, nas trompas, no intestino ou na bexiga. Então, qualquer presença de tecido endometrial fora do útero é considerada endometriose”.
A médica esclarece que existem somente “teorias que justifiquem seu aparecimento”, mas ainda não se sabe sobre suas causas com precisão. Ainda assim, alguns sintomas podem ajudar a detectá-lo:
Cólicas
Dor na relação sexual (dispareunia)
Infertilidade
Alteração intestinal
Alteração urinária
Adenomiose
Entenda as diferenças entre adenomiose e endometriose
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Esta condição, por sua vez, acontece quando o tecido endometrial ultrapassa a camada do miométrio. Ela é diagnosticada, geralmente, no final da idade reprodutiva ou em pessoas que já engravidaram e também pode impactar na fertilidade – apesar de não impedi-la de acontecer. Entre os principais sintomas estão:
Cólicas
Dor na relação sexual (dispareunia)
Sangramento aumentado
Infertilidade
Quais são as causas?
Segundo a médica, “a causa da endometriose e da adenomiose ainda é um pouco obscura. Temos algumas teorias que justifiquem o aparecimento, mas não uma causa precisa”, o que dificulta detectá-lo.
A SBRA afirma que, como os sintomas da adenomiose “são pouco específicos”, o “diagnóstico é demorado” e seu tratamento pode levar de 5 a 12 anos, tornando incerta a saúde reprodutiva do indivíduo.
Endometriose e adenomiose: especialista explica as diferenças, sintomas e tratamentos do distúrbio ginecológico
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Além da identificação dos sintomas, Giacometti cita os exames complementares que ajudam no diagnóstico destas condições.
Ultrassom transvaginal, com ou sem preparo intestinal
Ultrassom pélvico
Videolaparoscopia com Biópsia dos focos
Ressonância nuclear magnética, com ou sem preparo intestinal
É interessante ressaltar que os exames devem ser feitos por um médico especialista em endometriose, porque sua visualização não é tão simples assim. Ambas doenças podem afetar a qualidade de vida das mulheres, então é muito importante valorizar as queixas dessa paciente e fazer um tratamento adequado”, reforça.
Tratamentos
Caso a pessoa não tenha desejo de engravidar, uma das alternativas sugeridas para tratar a adenomiose é recorrer a um tratamento hormonal com métodos contraceptivos, como o DIU, paralelamente ao uso de anti-inflamatório, acupuntura, fisioterapia pélvica.
Esse hormônio pode ser algum método contraceptivo via oral, seja ele com estrogênio e progesterona ou só com progesterona, e pode ser local, que é o uso de dispositivos intrauterinos, como os DIUs medicamentosos”, comenda a médica.
Ela ainda deixa claro que o “uso de tratamento hormonal não é uma garantia de progressão e nem de regressão de doença”. Portanto, estes tratamentos clínicos não vão impedir a recidiva da doença, mas são, exclusivamente, para controlar os sintomas e dar mais qualidade de vida as pacientes.
Por isso, a recomendação em alguns casos é a cirurgia de videolaparoscopia, que consiste na eliminação dos focos de endometriose ou adenomiose. Para situações mais graves, a ginecologista também considera a retirada do útero.
Vale lembrar, ainda, que o tratamento é individualizado e pode variar de acordo com as particularidades de cada paciente, como correção das trompas e outras questões relacionadas a problemas de fertilidade.
Mitos e verdades
Apesar de não existir uma maneira de evitar a endometriose ou adenomiose, manter uma rotina saudável pode ajudar
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A questão impede, ainda, um diagnóstico precoce ou até maneiras evitar as doenças. No entanto, a especialista afirma que já está comprovada a existência de um “componente hereditário na adenomiose e na endometriose”.
“O que a gente sabe, hoje, é que uma alimentação adequada, sem muita comida industrializada, a realização de atividade física, manejo do estresse e a manutenção de um peso ‘adequado’ contribuem para uma boa saúde ginecológica”.
A adenomiose e endometriose podem evoluir para um câncer? A ginecologista ressalta que ambas são consideradas doenças benignas, ou seja, que não apresentam risco de vida. No entanto, “estudos mostram que mulheres com endometriose têm um pequeno aumento de chance de ter alguns tipos de câncer no futuro, mas não que endometriose ou adenomiose se tornem câncer”, ela esclarece.
Veja mais sobre saúde da mulher!

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