Elonva: o que é e como funciona o remédio usado por Juliette no congelamento de óvulos

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Especialista dá detalhes do medicamento utilizado pela campeã do BBB 21 Elonva: saiba o que é e como funciona o remédio usado por Juliette
Juliette entrou para o crescente grupo de mulheres, incluindo celebridades, que decidiu congelar os óvulos após os 30 anos. A cantora está compartilhando todo o processo no Instagram, incluindo os remédios que está utilizando.
Um deles é o Elonva, utilizado como estímulo ovariano em tratamentos de infertilidade, como fertilização in vitro. O medicamento conta com um hormônio chamado FSH, o mesmo produzido no nosso organismo, porém em maior quantidade. Daniel Suslik Zylbersztejn, coordenador médico do Fleury Fertilidade e PhD em Reprodução Humana, explica mais detalhes sobre o Elonva e como ele funciona.
O que é?
Elonva: saiba o que é e como funciona o remédio usado por Juliette
Reprodução/Instagram
O Enlova é o hormônio FSH concentrado em laboratório por biologia molecular. Segundo Zylbersztejn, por conter uma dose maior que a do nosso organismo, o produto pode recrutar mais folículos para que sejam ovulados naturalmente.
“O nosso FSH natural tem o poder de recrutar um folículo e, eventualmente, dois folículos. Aí a gente tem a possibilidade da gemelaridade, uma gravidez natural quando existem dois folículos recrutados”, ou seja, gerando gêmeos idênticos. “Então, em vez de termos um óvulo em potencial, a gente pode ter entre 3 a 20 óvulos, dependendo do potencial reprodutivo de cada pessoa”, continua.
Como funciona?
A aplicação do Elonva é feita através de uma injeção na região da barriga, na diagonal do umbigo. Este não é o único medicamento com esta finalidade, mas Zylbersztejn comenta qual a sua vantagem em comparação com outros similares: ele requer apenas uma aplicação que vai agir ao longo de 7 dias, enquanto muitos são feitos diariamente.
Por outro lado, o estímulo ovariano dura cerca de 10 e 12 dias com os medicamentos e isso faz com que o Elonva precise ser complementado com outros remédios, ou com uma outra dose da própria medicação, ou combinado, depois do sétimo dia, com similares ao Elonva.
Elonva é um medicamento utilizado no processo de congelamento de óvulos e fertilização in vitro
Freepik
E atenção: o especialista destaca que “não se trata de um medicamento mágico”! Tudo vai depender da quantidade de folículos de cada paciente, ou seja, quanto maior a dose, maior as chances de ter muitos óvulos.
“Essa medicação não faz produzir mais folículos. Ela simplesmente recruta aquele número de folículos que a paciente já tem naquele mês”.
Portanto, sua função é atuar nos folículos presentes para que haja uma grande quantidade de óvulos a serem aspirados durante a fertilização in vitro, “que é quando o médico realiza a aspiração folicular via ultrassom transvaginal com uma agulha, que vai até o ovário em busca dos óvulos de cada ‘casinha’, ou de cada folículo, que foi recrutado e que está aumentado de volume”, explica o médico.
É por isso, por exemplo, que Juliette comenta que faz vários ultrassons durante o tratamento: para ver o crescimento folicular e analisar quando o ovário está pronto para a aspiração.
Existe contraindicação?
De maneira geral, o médico afirma que a maioria das mulheres podem utilizar esses medicamentos. Isso inclui pacientes com diagnóstico de câncer de mama e que necessitam realizar um tratamento de congelamento de óvulos ou de congelamento de embriões para proteger a sua fertilidade futura, mesmo ainda na vigência do câncer.
Mesmo aquelas pacientes que ainda nem retiraram, por exemplo, o nódulo cancerígeno da mama ou que acabaram de tirar o nódulo, mas que precisam, antes de realizar a quimioterapia, fazer esse tratamento para proteção da sua fertilidade futura”.
Porém, o especialista destaca três casos em que o uso do Elonva não é recomendado:
Pacientes com alto risco de síndrome do hiperestímulo ovariano: “É um efeito adverso grave relacionado ao tratamento de reprodução assistida, no qual o ovário é altamente estimulado – muito além do desejado –, e isso acaba trazendo repercussões negativas para a saúde da mulher devido a esse alto estímulo ovariano”, detalha. Algumas destas consequências estão relacionadas ao desenvolvimento de edema agudo de pulmão ou doenças graves como a ascite, o acúmulo de água na barriga.
Pacientes com tendência à trombose por terem algum tipo de trombofilia: “Elas podem ter um risco maior em relação ao uso de FSH, embora a gente possa evitar este quadro utilizando outros medicamentos que realmente reduzem o risco de trombose nestes casos, como o uso da heparina, uma medicação anticoagulante”.
Lactantes: “Pessoas que amamentam têm contraindicação absoluta de realizar tratamento de fertilização in vitro. Elas precisam primeiro parar totalmente o processo de amamentação para depois, se precisar, partir para um tratamento de reprodução”.
Quais os principais riscos
Especialista explica riscos, contraindicações e possíveis colaterais no uso de medicamentos de estímulo ovariano
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O médico deixa claro que estes efeitos colaterais são referentes ao uso de qualquer remédio para estímulo ovariano, não apenas o Elonva. Além disso, ele destaca a importância da dosagem correta de hormônios para cada paciente para que não aconteça nenhum desequilíbrio durante o tratamento e desencadeie reações como:
Síndrome do hiperestímulo ovariano
Retenção de líquido
Inchaço ou distensão abdominal, devido ao crescimento do ovário
Alto nível de estradiol, que causa infecção urinária, insônia ou até fortes oscilações de humor
“Algumas pacientes acabam tendo também uma queixa de fortes emoções, uma queixa de dificuldades emocionais durante o tratamento, acreditando isso ao uso dos hormônios. Geralmente não é o FSH que gera isso, mas um outro hormônio utilizado no tratamento, a progesterona: em altas doses, pode gerar esse tipo de situação com uma labilidade emocional, como se fosse um sentimento de TPM, uma tensão pré-menstrual ou uma irritabilidade muito grande.”
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