Fábio Azevedo, ex-Malhação 2000, hoje é dublador de famoso super-herói

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Intérprete do Marcelo em “Malhação”, ele recorda seu primeiro papel de destaque na TV e conta que já foi reconhecido pela voz ao ditar seu CPF Fábio Azevedo e Doutor Estranho
Reprodução/Instagram
Fábio Azevedo estreou na TV ainda criança, em campanhas publicitárias. Na Globo, participou do seriado “Sandy e Júnior” antes de dar vida ao Marcelo, protagonista de “Malhação”, exibida em 2000, temporada que volta dia 8 de março pelo canal FAST da novela.
Hoje, aos 45 anos, o ator é também dublador e entoa sua voz em produções dos universos Marvel e Disney, entre outros. Em conversa com o gshow, ele disse ser reconhecido com mais frequência por causa da sua voz e recordou uma situação engraçada pela qual passou recentemente.
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“Uma vez, no mercado, eu estava fazendo compras e a pessoa do caixa perguntou se eu ia querer colocar o CPF na nota. Eu falei ‘quero’ e, quando estava ditando os números do documento o caixa ao lado parou, ficou me encarando e falou: ‘Você é o Doutor Estranho, não é?’ [risos] ‘Sou!’ Essa foi a última que me aconteceu”, contou.
Fábio Azevedo
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Já como o Marcelo, as situações são um pouco mais curiosas. Como a novela já tem mais de 20 anos, são poucas as pessoas que o reconhecem. “Lembram de mim, mas não sabem muito bem de onde”, fala com bom humor.
“Muitas senhoras, às vezes, chegam em mim e falam: ‘Você não estudou com o meu filho?’. Porque tinha essa ambientação na escola, no Múltipla Escolha. Então, eu acho que as pessoas associam, pensam que eu era amigo do filho delas”, explica.
Fernanda Nobre, Fábio Azevedo e Ludmilla Dayer
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Fabio recorda com carinho seu primeiro protagonista na TV, papel que também foi muito desafiador. “O Marcelo me abriu portas, me colocou numa situação de ‘eu precisava aprender a realizar o trabalho’”, opina.
“Eu era muito verde no que diz respeito à interpretação para a televisão. O tempo de preparação, de realização, tudo é muito diferente do que eu já havia feito antes. Então, o Marcelo foi meio que uma prova de fogo para mim e, apesar de ter severas críticas à qualidade do meu trabalho no início, hoje eu tenho muito orgulho de ter encarado esse desafio e ter concluído com êxito, porque no final eu já tinha outros trabalhos, fiz outras coisas por conta das possibilidades que esse personagem trouxe para mim”, confessou.
Assim como as senhorinhas que o confundem nas ruas, Fábio confessa que lembra poucas coisas daquela época. A mudança de cidade foi, com certeza, o que teve peso maior.
“A minha vida deu uma guinada de 180 graus. Eu estava em São Paulo, vivendo com meus pais, tinha uma carreira dentro do universo da publicidade, já tinha feito ‘Sandy e Júnior’, mas foi um trabalho curto e muito pontual, tinha sido antagonista em um longa-metragem. Então, a minha carreira tinha começado a engatinhar quando, de repente, aconteceu de eu me mudar para o Rio”, relata o ator.
“Eu não tinha nenhum amigo no Rio, não tinha nenhum familiar, não tinha nada. Eu estava completamente sozinho e demorou um pouco para eu me sentir absorvido pelas pessoas, fazer amizade verdadeira e real, mas eu lembro que era tudo muito solar, muito dinâmico, o dia tinha muita força, o dia parecia que era longo, não acabava nunca”, observa o ator.
Fábio Azevedo, Robson Nunes, Daniel de Oliveira, Micheli Machado e Fernando Pavão
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“Eu fazia inúmeras coisas durante o dia. Muito maluco! É a idade também, né? A idade permite que a gente consiga realizar tanta coisa durante um dia só. Mas eu lembro muito disso, eu lembro de momentos muito especiais com amigos que eu tenho até hoje: Daniel de Oliveira e Robson Nunes são amigos do peito, do coração, pessoas que eu mantenho contato até hoje”, afirma.
Fábio Azevedo já dublava antes de começar a atuar
Veja o antes e depois de Fábio Azevedo
Memória Globo/Reprodução/Instagram
A profissão de dublador não chega a ser uma novidade para Fábio Azevedo. De acordo com o ator, quando surgiu o convite para a novelinha da TV Globo, ele já fazia estágio em dublagem.
“Por sorte, quando eu me mudei para o Rio de Janeiro, para fazer “Malhação”, que foi o grande trabalho que eu fiz na TV, eu já fazia estágio de dublagem. Eu já estava me enfiando nesse universo aí. Então, não existiu um grande impacto no que diz respeito à carreira quando eu acabei me focando muito mais na dublagem do que em qualquer outra área”, recordou.
Já sobre os desafios da profissão, Fábio cita as especificidades do trabalho. “A questão do sincronismo, da limitação que a gente tem quando está realizando um trabalho, porque na televisão você só tem o texto como referência. Toda criação física do personagem depende do ator e do diretor que está moldando aquele trabalho”, avalia.
Fábio explica que em uma novela você usa o corpo para construir a cena, enquanto que na dublagem só tem a voz. Então, é preciso condensar tudo o que você colocaria no seu corpo e no tempo que usaria para aquela cena em tudo que o ator original deu: tempo, interpretação e entonação.
“É um trabalho do ator que é muito mais cerceado pelo original, mas justamente aí é que ele ganha na criatividade, porque dentro daquela limitação como eu posso fazer isso ficar brasileiro para brasileiros ouvirem e assistirem”, ressalta.
Questionado sobre qual seria seu papel preferido na dublagem, Fábio Azevedo é enfático ao apontar o personagem da Marvel, e aproveita para falar sobre a importância dos quadrinhos na sua formação.
“Personagem é o Doutor Estranho, porque eu cresci e aprendi a ler com histórias em quadrinhos. Os quadrinhos da Marvel, de super-heróis e tantos outros vieram um pouco depois. Como boa parte dos brasileiros eu comecei com a Turma da Mônica e quadrinhos da Disney… Do Tio Patinhas, do Pato Donald…”, lista.
Fábio Azevedo
Reprodução/Instagram
“Eu também aprendi o inglês lendo quadrinhos que não eram lançados no Brasil. Com um dicionário, eu fazia a tradução literal, depois eu tentava interpretar aquilo que eu havia traduzido usando as imagens do quadrinho e, por fim, eu tinha a história pra entender o que estava acontecendo”, complementa.
Fábio conclui a conversa admitindo que assiste aos seus trabalhos e costuma ser muito autocrítico. “Isso foi uma das maiores dificuldades que eu encontrei na época que ‘Malhação’ começou. Porque eu não gostava, eu achava muito ruim. E eu me punia demais por isso, mas, ali, ainda muito jovem, muito inexperiente, eu não me punia da melhor forma. Eu fui muito cruel comigo mesmo durante um bom tempo”, lamenta.
“Mas eu acho que até nisso a vida faz a gente evoluir. Eu cheguei em um lugar onde eu consigo me assistir e entender o que eu estou fazendo que é bom e o que eu estou fazendo que não é bom”, confessa.
Logo após Malhação, o ator dirigiu alguns trabalhos para a TV, o teatro e a publicidade, focando hoje na dublagem. O que, para ele, ajudou bastante em seu crescimento profissional.
“Então, dirigir atores permitiu também que eu enxergue em mim quais são as ferramentas que eu tenho para usar e como eu posso usá-las da melhor forma possível”, finaliza.
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