Mancha ou melanoma? Veja alerta sobre paciente que tratou câncer com microagulhamento

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A história viralizou na internet mostrando uma mulher que teve diagnóstico confundido e agravado por tratamento equivocado Mancha ou melanoma? Veja alerta sobre paciente que tratou câncer com microagulhamento
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Que atire a primeira pedra quem nunca fez um “autodiagnóstico” e se medicou com base em pesquisas de internet. Além de induzir ao erro, esse tipo de comportamento pode levar as pessoas a recorrerem a tratamentos ineficazes ou até que agravem o quadro de saúde.
Foi isso que aconteceu com uma mulher, que não teve sua identidade revelada. Em uma publicação feita no Instagram – e que circulou pelas redes sociais –, uma médica conta que a paciente observou um “sinalzinho” no seu rosto e recorreu ao microagulhamento para eliminá-lo.
Mancha ou melanoma? Veja alerta sobre paciente que tratou câncer com microagulhamento
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Acontece que, segundo a autora do post, “o sinal e aparência inofensiva era, na verdade, um melanoma” e, devido ao procedimento, “suas células cancerígenas foram inoculadas e espalhadas pelo restante da face”. Como consequência, além de ter o quadro agravado, o tratamento será cirúrgico e mais invasivo.
Mas o que o microagulhamento tem a ver com isso?
Dermatologista da unidade de oncologia e hematologia do Hospital Albert Einstein, Patricia Karla de Souza explica que o procedimento estético estimula a produção de melanógeno (substância que gera a melanina) e melhora a textura da pele:
“Alguns estudos recentes demonstram que ele ajuda a melhorar um tipo de mancha na face, o melasma, que as pessoas chamam erroneamente de manchas da gravidez.”
A dermatologista Letícia Siqueira Sousa detalha, ainda, que as microagulhas “possuem tamanhos diferentes e, portanto, atingem profundidades diferentes na pele”, podendo tratar manchas superficiais ou cicatrizes profundas. Acontece que este não era o caso da paciente que viralizou.
Dependendo da profundidade das agulhas, o microagulhamento pode ter disseminado células cancerígenas do molanoma pelo rosto da paciente
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Por se tratar de um câncer de pele, chamado melanoma, as especialistas não descartam que o tratamento equivocado possa ter causado a disseminação das células cancerígenas pelo rosto da paciente. Isso vai depender do tempo de diagnóstico, se aconteceu de maneira precoce ou tardia.
Não sei os detalhes do caso, mas o microagulhamento, assim como uma cirurgia realizada de forma inadequada, podem espalhar as células cancerígenas pela região. Pensando em melanomas, no geral, no diagnóstico precoce, aquele melanoma vai estar restrito àquela pinta. Mas se o diagnóstico for mais tardio, pode acontecer uma disseminação local próxima ao câncer de pele e atingir vasos sanguíneos ou vasos linfáticos e, dessa forma, espalhar para outros órgãos do corpo, que é o que chamamos de metástase.”
Patrícia complementa que, apesar de a perfuração das agulhas normalmente não ser profunda, pode acontecer que esta atingiu a chamada derme média, que fica entre a epiderme e a hipoderme, assim “poderia ter o potencial de disseminar essas células malignas do melanoma para outras áreas da face e crescer novos tumores nessa região”.
Mas a dermatologista oncológica também aponta outras possíveis causas para esse agravamento: “Existe uma disseminação que a gente chama de via linfática e hematogênica, que a própria lesão de melanoma se dissemina pelos vasos linfáticos e sanguíneos, respectivamente.”
Sobre o melanoma
O que é?
Trata-se de um tumor maligno, potencialmente, muito grave e que pode se espalhar para outros órgãos. Segundo Letícia, ele pode ser causado por uma junção genética com estímulo solar, ou seja, quando “uma pessoa que já tem a predisposição genética e se expõe muito ao sol, […] isso pode gerar uma alteração no DNA da célula [responsável pela produção de melanina] e desencadear o melanoma”.
Como identificar?
Considerando o autoexame de pele, Letícia sugere checar regularmente qualquer pinta nova, que tenha formatos que não sejam redondos, com mais de três milímetros, que apresente cores diferentes e pintas antigas que tenham sofrido alguma modificação: “Não existe uma cor específica do melanoma, mas uma mesma pinta que tenha três cores ou mais é algo suspeito. Procure um dermatologista para saber se está tudo bem ou se há um risco de melanoma”.
Especialistas afirmam que, além do autoexame regular, as pessoas devem consultar o dermatologista em caso de manchas ou pintas suspeitas
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Na consulta médica, ela explica que pode ser feito uma dermatoscopia, método não invasivo de análise de lesões de pele: “É um sistema de lentes que vai fazer com que seja possível visualizar detalhes da pinta e ver se tem sinais de que aquela pinta é normal ou é uma pinta de risco para câncer de pele.”
“Essa pinta pode ter uma alteração que a gente chama ABCDE: A é uma lesão assimétrica, o B é a borda é irregular, o C é de cor, poder ser discrômica, o D, é uma lesão maior do que meio centímetro de diâmetro, e o E é uma pinta de evolução, que você tem e ela passa a se modificar com o tempo”, completa Patrícia.
Tratamentos
As especialistas afirmam que a cirurgia de remoção da lesão é primeiro e mais recomendado passo, já que a biópsia vai informar mais detalhes sobre o tumor e o tratamento mais eficaz, o que “sempre vai depender do tipo de melanoma e do tempo de diagnóstico”, ressalta Letícia.
“É a partir da remoção cirúrgica que vamos dizer em qual estágio está esse melanoma: se ainda é inicial ou se já está mais avançado. E se, estando mais avançado, precisa de imunoterapia [que busca combater o câncer com a restauração do próprio sistema imunológico do paciente]”, explica Patrícia.
Fique atento!
O primordial, segundo Patrícia, é procurar profissionais habilitados para tratar questões de pele ou fazer procedimentos estéticos, como dermatologistas ou cirurgiões plásticos, “porque eles são capazes de identificar se aquela manchinha que a pessoa tem é só uma manchinha ou um melasma”, exemplifica.
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