Perimenopausa: entenda o que é, como identificar e amenizar os sintomas

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Especialistas explicam caso de Halle Berry, em que médicos confundiram os sintomas com um quadro de herpes Halle Berry
Kamil Krzaczynski/Getty Images
Nesta semana, a atriz Halle Berry, de 57 anos, foi erroneamente diagnosticada com herpes quando, na verdade, ela estava na perimenopausa. Mas, afinal, o que é isso e o que pode ter causado a confusão?
O nome lhe soa familiar? Isso é porque a perimenopausa está relacionada ao período que antecede a menopausa, que marca o último ciclo menstrual de uma pessoa, em média, aos 50 anos. Quem explica os destalhes são as ginecologistas Claudia Mosca e Tatiane Boute, do Fleury, e Alberto d’Auria, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Perimenopausa x menopausa
Conforme explica D’Auria, a menopausa é marcada pela ausência de menstruação por 12 meses: após esse período, a pessoa passa pelo último ciclo permanente e o útero deixa de sangrar (ou ovular) periodicamente.
Já a perimenopausa se refere aos anos que antecedem a esse fenômeno fisiológico e natural. Ele, geralmente, acontece cerca de 4 a 10 anos antes e é quando a pessoa começa a identificar os primeiros sintomas.
Em resumo, a menopausa é “apenas” um dia, enquanto a perimenopausa acontece ao longo de alguns anos. E existem alguns fatores que fazem esse cálculo de tempo variar:
“Normalmente, a mulher brasileira tem o último sangramento aos 52 anos. Isso pode variar para mais ou para menos. Esse cálculo é feito levando em consideração o nosso clima, a nossa alimentação e os nossos hábitos, mas a pré-menopausa começa aos 42 anos e vai até o último sangramento, por volta dos 52 anos”, explica o médico.
Principais sintomas
As mulheres já nascem com uma determinada quantidade de óvulos que terão ao longo da vida reprodutiva e, durante os ciclos menstruais, o organismo produz mais alguns óvulos, além de repor hormônios como estrogênio e progesterona.
Ondas de calor, sudorese e fadiga são alguns dos sintomas da perimenopausa
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Acontece que, quando elas se aproximam da menopausa, o ovário começa a “falhar” quanto à produção de óvulos e queda na quantidade de estrogênio, o que leva aos primeiros sintomas. Segundo a médica Tatiane Boute, existem mais de 150 sinais relacionados com esse período da transição menopausal, mas aqui os especialistas citam os mais comuns:
Fogachos: são as famosas ondas de calor que atingem, especialmente, o tórax e o pescoço (causadas por causa da flutuação dos níveis de estrogênio;
Sudorese intensa causada pelas ondas de calor;
Alteração na frequência e intervalo das menstruações;
Sensação de cansaço e fadiga recorrentes;
Fortes dores nas juntas;
A coloração da vagina já fica mais esbranquiça;
Emotividade aumentada;
Redução ou desinteresse sexual;
Distanciamento maior entre o período excitatório sexual e o orgasmo;
Secura vaginal e pouca lubrificação são sintomas típicos da menopausa, mas podem ocorrer nesse período também;
A ginecologista Claudia Mosca deixa claro, ainda, que os sintomas podem ficar mais ou menos evidentes dependendo do estilo de vida de cada um, além de fatores como: pessoas que retiraram o útero, fazem uso de anticoncepcionais ou de outros tratamentos hormonais. Além disso, é importante fazer exames laboratoriais como LH e FSH para identificar as taxas hormonais.
O que herpes tem a ver com isso?
Durante uma conferência de medicina, Halle Berry conversou com a primeira dama dos Estados Unidos, Jill Biden, sobre saúde da mulher e como descobriu que estava chegando à menopausa.
Na ocasião, ela se recorda de quando, aos 54 anos, sentiu “como se tivessem lâminas de barbear na vagina”. Ao explicar sua situação ao seu médico na época, ele respondeu na hora que ela estava passando pelo “pior caso de herpes” que já havia visto. Mais tarde, ela descobriu que a secura vaginal que estava sentindo era, na verdade, o começo da perimenopausa.
Perimenopausa: especialistas explicam o que pode ter causa diagnóstico equivocado de herpes de Halle Berry
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Tatiane Boute e Alberto d’Auria acreditam que há duas possíveis razões para a confusão do médico, nesse caso. A primeira, segundo a médica, é que tenha ocorrido uma atrofia urogenital, que pode ocorrer quando há uma queda hormonal sem reposição.
Significa que a mucosa da vagina fica super ressecada e, com isso, quando a gente tem relação sexual sem usar lubrificante pode ter escoriação, rachadura e machuca, gera uma lesão que é muito dolorida”.
Vale lembrar que a herpes é uma DST (doença sexualmente transmissível) causada por um vírus chamado herpes simples. Por isso, D’Aruia acredita que há a possibilidade de a atriz ter sofrido uma queda de imunidade, tornando-a mais suscetível a infecções virais como essa.
“As infecções têm maior incidência, principalmente a herpes zóster [que causa lesões nos nervos da pele]. Mas aquelas que já têm um comportamento sensível a herpes podem ter uma frequência de infecções maior nesse período maior. Ainda assim, não se confunde herpes com perimenopausa, o que nós temos é um quadro de queda da imunidade perimenopáusica, desencadeando infecções por herpes com maior frequência”, opina.
Tratamentos e cuidados
Manter um estilo de vida saudável é uma das dicas para amenizar os sintomas da perimenopausa
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Tanto a perimenopausa, como a menopausa ou a pós-menopausa, são processos fisiológicos naturais. E mais do falar em tratamento, Boute destaca a importância em desmistificar essa fase pela qual todas as mulheres passam:
Esse é um tema muito importante! Não é porque estamos na menopausa, que é um ‘período de declínio’. Eu acho que tem que ser visto como uma transição, como qualquer outra na vida, assim como a adolescência e a gravidez, é uma transição que a gente passa e que muitas vezes é desvalorizada, porque o valor da mulher é muito associado com o período reprodutivo e com a juventude.”
Mas, existem, sim, formas de melhorar a qualidade de vida e amenizar alguns sintomas. Veja as dicas dos especialistas:
O bom e velho estilo de vida saudável: ter uma alimentação equilibrada e manter uma rotina de exercícios são ferramentas essenciais para retardar alguns sinais;
Tabagismo pode adiantar em até dois anos a menopausa;
Alto consumo de café também pode piorar alguns sintomas, além de atrapalhar o sono e dificultar a percepção das ondas de calor;
Terapia de reposição hormonal individualizada: não há como impedir que a menopausa aconteça, mas é possível estabilizar a quantidade de estrogênio;
Alguns antidepressivos são usados como medicação para amenizar as ondas de calor;
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