Samara Felippo denuncia ex-marido, Leandrinho, por violência patrimonial

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Samara Felippo em cena com Carolina Dieckmann em Vai na Fé
Globo
Eu vou contar a minha história pela primeira vez, parte dela. Uma história que eu nem gostaria que viesse a público. Segurei ela durante muito tempo. Mas os meus limites, a lentidão da justiça no Brasil, entre outras coisas, me obrigam a vir aqui. O medo de adorrecer me obriga. O noque altida aqui, ó, me alivia. Já tava sufocando, me angustiando, me adorrecendo. E eu quero trazer comigo também milhares de vozes de outras mulheres silenciadas por uma justiça que não olha pela gente no Brasil. O ano era 2008. Minha vida estabilizada, 11 anos de carreira. Eu tinha acabado a dança dos famosos. Meu carro próprio na garagem. Uma novela seguida da outra. E um sonho que eu realizei mais ou menos em 2005. Que foi de comprar o meu apartamento próprio. E eu vivi nesse AP durante anos. Anos incríveis, inclusive. Solteira, fazendo o que eu queria. Aí eu conheci o genitor. Pai das minhas filhas. E aí nos apaixonamos. E diante de toda a minha romantização e vontade mútua dele, reciprocidade dele. Eu engravidei. Eu pensava, nossa, eu estou realizando um sonho de menina. Nossa casa, nossa família, nossa filha. Já grávida, a gente decidiu comprar uma casa, num bairro nobre do Rio de Janeiro. E aí, é que começa o meu pesadelo. Pra me sentir parte daquela compra, eu dei, eu vendi, na verdade, o meu único bem, próprio, que era o meu apartamento, aquele sonho que eu realizei. Eu vendi pra dar como parte, nessa compra da casa, a nossa casa. E é óbvio que ele não precisava. Tem uma situação financeira ótima até hoje, mas aceitou naquela época mesmo assim. O meu apartamento também era localizado numa área nobre do Rio de Janeiro. Pra quem conhece o Rio, é ali na barra. Era bem pertinho do Rio Design. Mas essa casa que a gente comprou valia muito mais, óbvio. Grávida, feliz, confiante, romantizada, encaixotadinha, sonhadora. Eu nem me atentei a contratos de compra, venda, negociações. Enquanto ele estava nos Estados Unidos, eu tocava a obra da casa. Eu só sei que eu vendi, o único bem que eu tinha. Meu nome e coloquei dinheiro na conta dele para a compra da casa. Quando veio a separação, cinco anos depois, eu descobri que a casa estava no nome do irmão dele. Sim, eu não tive direito a nada. E eu luto na justiça há quase dez anos para ter o que é meu de direito de volta. Nada acontece. A justiça já homologou e nada foi feito. Essa casa já foi vendida e eu não vi um tostão. E eu tenho tudo. Provas jurídicas, notificações, contratos, o contrato que foi homologado e não foi pago em 30 dias. E eu não sei por que, na época. Leiga. E tem tudo dele lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil, nada está no nome dele. E nada é feito. Nada. Nada. Nada. Ele segue nos Estados Unidos, inalcançável. Nunca falei isso aqui pelo simples fato de ter medo, que assola todas nós mulheres. Medo da exposição, medo de retaliação, medo de chegar nas minhas filhas de forma errada. Mas hoje são outros tempos. A gente já conversou sobre isso de uma forma educada, gentil. Responsável, a gente que eu digo, eu e minhas filhas. Então essa é a minha história. Eu não vou desistir e calar a minha boca pra ficar em paz. E calada, nada foi feito, eu vou começar a falar. Obrigada às mulheres que vêm antes de mim falando, encorajando, inspirando, inspirando. Eu não tô pedindo nada que não é meu. Eu tô pedindo o que é meu de direito, e não só meu. É pras minhas filhas e filhas dele. Eu não tô querendo extorquir nem tirar nada de ninguém. Eu só quero justiça e ter de volta o que é meu. Honestamente. Eu espero que alguma coisa comece a ser movimentada. É isso. Obrigada quem chegou até aqui.

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