Símbolo sexual nos anos 1970, Nicole Puzzi rebate julgamentos: ‘Sempre fui moderna’

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Atriz que completa 66 anos de vida, relembra ter contratado babá transexual para a filha e diz que já era demissexual, quando termo sequer existia: ‘Só saía se estivesse apaixonada’ Nicole Puzzi
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Ao falar sobre a vida de artistas é muito comum ouvir pessoas conservadoras apontando que para seguir carreira no meio é necessário ser alguém promíscuo ou algo do tipo. Para Nicole Puzzi, há uma explicação simples para essa mentalidade: “Quem julga mal o artista, gostaria de fazer tudo aquilo que pensa que nós fazemos. Não me preocupo com isso”.
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A atriz que completa 66 anos nesta sexta-feira (17), foi um dos grandes nomes do cinema dos anos 1970, tendo participado de diversos longas à época, entre os quais, “Possuídas Pelo Pecado” (1976) e “Ariella” (1979). Para ela, o gênero que a alçou ao estrelato e a transformou em símbolo sexual, recebeu o nome de pornochanchada, como forma de depreciar o sucesso destes longas. “Fiz filmes com José Wilker (1944-2014), Marcello Mastroianni (1924-1996) e Laura Cardoso. Isso é o que tenho a falar de uma fase que marcou meu início. Agora é uma nova vida”.
Nicole Puzzi
Reprodução/Instagram
Ela está certa quando fala em renovação, Nicole viveu várias delas ao longo dos anos. Nascida na cidade paranaense de Floraí, ela resolveu deixar a casa dos pais ainda na adolescência, não por algum problema, já que, como faz questão de frisar, teve “uma infância incrível e foi muito amada”. Mas, o desejo de fazer o que desejava e brigar pelo que acreditava era grande demais e ela partiu rumo a São Paulo.
Recebi muitas críticas, mas sempre soube quem eu era, sabia da minha dignidade, que era demissexual, quando ainda não existia esse nome. Só saía se estivesse apaixonada. Se quisesse estar milionária, teria que afrontar a mim mesma e sair com as pessoas que me convidavam. Não estou milionária, estou tranquila.”
Nicole Puzzi em cena do longa Ariella (1980)
Reprodução
Não ao preconceito
Quando fala em ataques, a artista não se refere apenas àqueles baseados em juízos de valor infundados, mas também por não ter se furtado a opinar quando achava que devia fazê-lo. Um caso emblemático foi a relação trabalhista e de amizade com a babá da única filha dela, Dominique Puzzi Brand, de 42 anos, nos anos 1980: uma mulher negra e transexual, quando o assunto ainda não estava em pauta.
Mãe solo, Nicole contou com a ajuda da própria mãe para ajudá-la na criação da garota. Quando a menina tinha dez anos, a tia da atriz apresentou uma moça, que parecia perfeita para a função. “Ela era muito ingênua e nunca soube que a Juliana era uma mulher trans, eu soube quando bati o olho. Contratei, porque ela precisava de emprego e eu de uma babá, era uma pessoa honesta. Não foi uma questão”.
Nicole Puzzi (ao fundo) com a filha, Dominique Puzzi Brand
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Se para Nicole, foi um alívio encontrar alguém confiável para cuidar de Dominique, da porta para fora não foi fácil. Dentro da casa da atriz, Juliana era respeitada, mas nas ruas, e até mesmo em meio à vizinhança dos locais em que Nicole morou, ela sofria situações de preconceito e humilhação, que a atriz fez questão de combater.
Se fosse pesar tudo que passamos por ela ser uma mulher trans eu a teria demitido, mas não fiz isso, enfrentei. Em todos os prédios em que moramos, o síndico fazia uma reunião para expulsá-la, com direito a abaixo-assinado com assinatura de todos os moradores. Eu virava o demônio. Sempre fui uma pessoa moderna, porque fui criada para ter a cabeça aberta.”
Nicole Puzzi foi apresentadora do Pornolândia
Instagram/Divulgação
Livre e leve
Socióloga, solteira, defensora dos animais e cheia de projetos, Nicole fala com carinho do extinto talk show Pornolândia — exibido originalmente no Canal Brasil e com três temporadas disponíveis no Globoplay — no qual recebia convidados para conversar sobre sexo de forma informativa e irreverente. Outra paixão é o Cineclube Nicole Puzzi, em São Paulo.
Consciente de que é uma mulher bonita, mas sem cair no erro de comparar-se, nas palavras dela, “com a menina linda que foi um dia”, mais do que não temer o futuro ela está em paz com o passado. “Eu me desculpei, reconciliei e perdoei aqueles que me fizeram mal e a quem magoei também. Não tenho arrependimentos! Comemoro as coisas boas e não há nada que chegue para mim que ache muito ruim. Sou feliz!”.
Nicole Puzzi
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