Cirurgia bariátrica: o que é e quando é a hora de fazer?

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Cirurgia é uma ferramenta poderosa para a perda de peso. Entretanto, é essencial estar ciente sobre a técnica. Mais de um bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo
Andres Ayrton/Pexels
Após perder 60 quilos e emagrecer muito além do esperado, a auxiliar administrativo Ana Paula Santana da Cunha, de 42 anos, precisou fazer a reversão da cirurgia bariátrica por causa de uma anemia severa.
Ana Paula preenchia os pré-requisitos para realizar a cirurgia: um Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 40 e problemas de saúde como pressão alta e lesão no joelho.
Entenda abaixo:
O que é a cirurgia bariátrica e para quem é indicada?
Os tipos de bariátrica
Os cuidados antes e depois da bariátrica
Como funciona a reversão da bariátrica
1. O que é a cirurgia bariátrica e para quem é indicada?
A cirurgia bariátrica é uma opção para o tratamento de obesidade.
Conhecida popularmente como “cirurgia de redução de estômago”, ela não é indicada para todas as pessoas. Hoje, a bariátrica é indicada para maiores de 16 anos em dois casos:
Pessoas com IMC acima de 40 kg/m² (obesidade grau III – grave);
Pessoas com IMC acima de 35 kg/m² (obesidade grau II – moderada) que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares.
O IMC pode ser calculado dividindo peso em quilos pela altura ao quadrado. Por exemplo, se você pesa 70 kg e tem 1,65 metros, você deve dividir 70 por 2,7225 (1,65 x 1,65). O resultado seria 25,71 (sobrepeso) – IMC entre 25 e 29,9 é considerado sobrepeso. IMC superior a 30 é considerado obesidade.
A endocrinologista Lívia Lugarinho, diretora do departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que o paciente tem que ter previamente tentado um tratamento com acompanhamento médico por dois anos sem sucesso para ter indicação de cirurgia.
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2. Tipos de cirurgia
Segundo a endocrinologista, que também é membro do Departamento de Obesidade Infantil da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), as cirurgias mais realizadas no Brasil são a sleeve e o bypass gástrico.
Bypass gástrico (ou gastroplastia “Y de Roux”): o tamanho do estômago é reduzido consideravelmente, deixando o órgão com apenas 10% do tamanho original, por meio de grampeamento de parte do órgão. Também é feito um desvio do estômago ao intestino inicial que diminui a quantidade de alimentos ingeridos.
Sleeve (gastrectomia vertical): o estômago tem cerca de 70% a 85% do seu tamanho reduzido.
“Consideramos que a cirurgia foi um sucesso quando a pessoa perde mais de 50% do excesso de peso. Normalmente, essa perda é mais intensa no primeiro ano, primeiro ano e meio depois da cirurgia. Depois, o peso tende a se estabilizar”, ressalta a endocrinologista.
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3. Cuidados antes e depois da cirurgia
Antes da cirurgia, o paciente precisa passar por uma equipe multidisciplinar, com endocrinologista, cirurgião, nutricionista, psicólogo e psiquiatra. O pós-cirurgia também exige muitos cuidados.
“É muito importante que o paciente mantenha todos os cuidados após a cirurgia, porque é fundamental que haja uma suplementação vitamínica ou mineral, independente da técnica cirúrgica que foi feita”, diz a endocrinologista.
De acordo com a SBEM, na maioria dos pacientes, a cirurgia bariátrica – além de levar a uma perda de peso grande – traz benefícios no tratamento de todas as outras doenças relacionadas à obesidade. É possível uma melhora importante ou mesmo remissão do seu diabetes, do controle da pressão arterial, dos lipídeos sanguíneos, dos níveis de ácido úrico e alívio das dores articulares.
4. Como funciona a reversão da bariátrica
A reversão da cirurgia bariátrica não é comum, é uma situação de exceção, explica Lívia Lugarinho. E ela só ocorre no bypass – na cirurgia sleeve não tem como reverter, já que uma parte do estômago é retirada.
“No bypass, o estômago não é retirado, só ocorre uma mudança do trânsito da alça intestinal. A reversão da cirurgia é a volta para o trânsito original. Mas como falei, é uma exceção, não é feito rotineiramente. Na maioria das vezes, o paciente fica muito bem pós-cirurgia”, finaliza a endocrinologista.

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