Dengue: Campinas projeta redução de casos após pico em abril, mas alerta para manter cuidados

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Secretaria de Saúde acredita em queda dos números por conta da diminuição do calor a partir de maio. Ápice da doença aconteceu entre os dias 7 e 13 de abril. Metrópole soma 84.553 registros e 23 mortes. A Prefeitura de Campinas (SP) informou que projeta uma “redução de casos” de dengue após atingir o pico da epidemia em abril. Até esta quarta-feira (15), a metrópole somava 84.553 casos e 23 mortes pela doença em 2024. O índice é o pior da história da doença na cidade e superou a marca de 2015, que até então era o ano com maior número de infecções e óbitos.
No entanto, a Secretaria de Saúde reforçou que a população deve manter todos os cuidados para combate e remoção dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti, vetor da dengue e de outras doenças, como zika e chikungunya. A metrópole está em situação de emergência desde março por conta da infecção.
De acordo com o Departamento de Vigilância Epidemiológica de Campinas (Devisa), o pico da epidemia em Campinas aconteceu na semana entre os dias 7 e 13 de abril. O painel de arboviroses da metrópole, atualizado em tempo real, mostra que, no intervalo, foram registrados 8.906 casos e dois óbitos.
O governo municipal ainda informou, em nota, que prevê uma redução dos registros porque, historicamente, os indicadores da dengue começam a cair a partir de maio, provocados pelo clima menos quente, o que diminui a atividade do mosquito transmissor.

Sorotipos e agravamento
Do total de óbitos, 12 foram de moradores infectados com o sorotipo 2, o que representa 52,1% das ocorrências.
Outros sete óbitos foram de pacientes com sorotipo 1, e uma pessoa morreu com sorotipo 3, enquanto outros três casos ainda não tiveram o sorotipo identificado.
O vírus possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença.
Um dos fatores que ajudam a explicar os números expressivos da epidemia de 2024 é a circulação de três sorotipos em Campinas ao mesmo tempo, com a reintrodução dos sorotipos 2 e 3 da dengue – fora de circulação da cidade desde 2021 e 2009, respectivamente.
Sempre que há mais de um sorotipo circulante, aumenta a possibilidade de pessoas adoecerem pela segunda vez, e isso amplia a chance de quadros mais graves – que podem ocorrer, também, na primeira infecção.
Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com os quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, ela passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.
“Clinicamente a dengue é dividida em três fases. A primeira é a de febre, que geralmente é uma febre alta. A segunda, quando deixa de ter a febre, geralmente entre 3º ao 6º dia de sintomas, que é a fase crítica, e a terceira fase é a de recuperação. A primeira coisa que as pessoas que adquiriram dengue tem de entender: procure assistência médica”, alerta Andrea Von Zuben, diretora do Devisa.
Sinais de alerta
Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da dengue, em Campinas
Rogério Capela/Prefeitura de Campinas
Embora a dengue não tenha um medicamento específico, há uma série de medidas clínicas que podem evitar o agramento e óbito, se feitas a tempo. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais de alarme. São eles:
Dor abdominal
Muitos vômitos
Algum sinal de sangramento (gengiva, por exemplo)
Menstruação em maior volume, no caso das mulheres
Sensação de desmaio
Histórico de mortes
As vítimas por dengue em Campinas são:
Homem, 43 anos: atendido na rede pública e morador da área de abrangência do CS Pedro Aquino. Ele não tinha comorbidade, apresentou sintomas em 13 de março e o óbito ocorreu em 17 de março.
Mulher, 84 anos: atendida na rede privada de saúde e moradora da área de abrangência do CS Santos Dumont. Ela tinha comorbidades, apresentou sintomas em 7 de março e o óbito ocorreu em 12 de março.
Menina, 10 anos: atendida na rede pública e saúde e moradora da área de abrangência do CS Fernanda. Ela tinha comorbidades, apresentou sintomas em 1º de abril e o óbito ocorreu em 5 de abril.
Mulher, 39 anos: atendida na rede pública e moradora da área de abrangência do Centro de Saúde (CS) União de Bairros. Ela apresentou sintomas em 24 de fevereiro e o óbito ocorreu em 2 de março. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
Mulher, 91 anos: atendida na rede privada de outro município e moradora da área de abrangência do CS Santo Antônio. Ela teve sintomas em 24 de janeiro e o óbito foi em 30 de janeiro. O sorotipo não foi identificado no exame.
Homem, 63 anos: atendido na rede pública e morador da área de abrangência do CS Vista Alegre. Ele apresentou sintomas em 8 de março e o óbito foi em 13 de março. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 1.
Mulher, 89 anos: atendida na rede privada e moradora da área de abrangência do CS Sousas. Ela teve sintomas em 10 de março e o óbito ocorreu em 14 de março. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 1.
Homem, 72 anos: atendido na rede pública e morador da região do Centro de Saúde União dos Bairros. Apresentou os primeiros sintomas em 27 de fevereiro e o óbito ocorreu em 3 de março. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2 da dengue.
Homem, 94 anos: atendido na rede privada e morador da região de abrangência do Centro de Saúde Integração. Ele apresentou sintomas em 10 de fevereiro e o óbito ocorreu em 15 de fevereiro. O sorotipo não foi identificado no exame.
Mulher, 86 anos: atendida na rede privada e moradora da região de abrangência do Centro de Saúde DIC III. Ela apresentou sintomas em 11 de fevereiro e o óbito foi em 15 de fevereiro. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
Mulher, 94 anos: moradora do Jardim Eulina, região da cidade com maior incidência de casos da doença. A vítima iniciou sintomas em 30 de janeiro e foi atendida na rede privada, sendo que veio a óbito no dia 12 de fevereiro. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 1.
Mulher, 73 anos: moradora da área de abrangência do CS 31 de Março. Tinha comorbidades e foi atendida na rede privada. Os sintomas começaram em 10 de março e a morte ocorreu em 4 de abril. Infectada pelo sorotipo 1.
Homem, 99 anos: morador a área de abrangência do CS Sousas. Tinha comorbidades e foi atendido na rede privada. Os sintomas começaram em 8 de março e a morte ocorreu no dia 28 do mesmo mês. O sorotipo não foi identificado no exame.
Mulher, 50 anos: moradora da área de abrangência do CS DIC 3. Não tinha comorbidades e foi atendida na rede pública. Os sintomas começaram em 18 de março e a morte ocorreu no dia 21 do mesmo mês. Infectado pelo sorotipo 2.
Mulher, 74 anos: moradora da área de abrangência do CS Costa e Silva. Tinha com comorbidades e foi atendida na rede privada. Teve início dos sintomas em 25 de março e morreu em 28 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 1.
Homem, 83 anos: morador da área de abrangência do CS Taquaral. Tinha comorbidades e foi atendido na rede privada. Teve início dos sintomas em 3 de abril e morreu no dia 8 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 3.
Homem, 88 anos: Foi atendido na rede privada e era morador da área de abrangência do CS Barão Geraldo. Tinha comorbidades e teve início dos sintomas em 23 de março e morreu em 29 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 1.
Homem, 57 anos: Foi atendido na rede pública e morava na área de abrangência do CS Itajaí. Não tinha comorbidade e teve início dos sintomas em 5 de abril e morreu no dia 10 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
Homem, 90 anos: Foi atendido na rede privada e era morador da área de abrangência do CS Sousas. Tinha comorbidade e teve início dos sintomas em 21 de março e morreu em 29 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 1.
Homem, 59 anos: Foi atendido na rede pública e morava na área de abrangência do CS União de Bairros. Não tinha comorbidade e teve início dos sintomas em 9 de abril e morreu no dia 13 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
Homem, 66 anos: tinha comorbidades, foi atendido na rede pública e era morador da área de abrangência do CS DIC III. Ele teve início dos sintomas em 24 de março e o óbito ocorreu no dia 30 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
Mulher, 48 anos: não tinha comorbidade, foi atendida na rede pública e era moradora da área de abrangência do CS Santa Lúcia. Ela teve início dos sintomas em 12 de abril e o óbito ocorreu em 17 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
Sexo feminino, 90 anos: Tinha comorbidades, foi atendida na rede pública e era moradora da área de abrangência do CS Conceição. Ela teve início dos sintomas em 12 de março e o óbito ocorreu em 18 do mesmo mês. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2.
🔻Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação.
🚨 Ao apresentar algum desses sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico, segundo a Secretaria de Saúde.
Como saber se você está com dengue e se é grave
Veja algumas das medidas de prevenção:
utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
tampe os tonéis e caixas d’água;
mantenha as calhas limpas;
deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
mantenha lixeiras bem tampadas;
deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
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