Dengue: Campinas registra recorde de infectados para uma semana desde início da série histórica

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Painel da prefeitura mostra que 6,7 mil infectados apresentaram primeiros sintomas entre 17 e 23 de março; até então, maior número era da semana epidemiológica 14 de 2015, com 6.492 casos. Campinas (SP) já vive a terceira maior epidemia de dengue da história
Reprodução/EPTV
Campinas (SP) registrou recorde de infectados por dengue em uma semana desde o início da série histórica, em 2012. Dados do Painel de Monitoramento de Arbovirores do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram 6.719 casos confirmados entre 17 e 23 de março de 2024, e outros 355 em investigação.
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Os dados são referentes a semana epidemiológica (SE) 12 de 2024, e o painel distribui os casos confirmados por data do início dos sintomas.
Para efeito de comparação, o maior número de infectados em uma semana epidemiológica havia sido registrado entre 5 a 11 de abril de 2015 (SE 14), com 6.492 moradores com a doença. Naquele ano, a metrópole registrou a maior epidemia da história, com 65,7 mil casos e 22 mortes.

Considerando os dados atualizados até esta quinta (4), Campinas soma 39,4 mil infectados e 8 mortes em 2024, o que representa a terceira maior epidemia da doença.
No dia 1º de março, quando tinha 11,1 mil infectados, a prefeitura projetou a possibilidade de atingir um pico histórico de 100 mil casos em até 8 semanas.
O Painel de Monitoramento da prefeitura ainda destaca que os dados das últimas duas semanas (SE 13 e 14) ainda são prelimares, e que pode haver aumento de casos nos próximos dias.
Hospitalizações e sintomas
De acordo com o painel, 2,4% dos casos registrados demandaram internações, tanto na rede pública quanto privada da cidade.
Entre os sintomas, febre (95,5%), dor de cabeça (73%) e dores no corpo (70,9%) são as queixas mais comuns de quem testa positivo para a doença na cidade.
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Mosquito modificado
O desejo de Campinas (SP) em usar mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia como uma das estratégias de combate contra a dengue não será possível em 2024, e a cidade aguarda sua vez numa espécie de “lista de espera” do Ministério da Saúde.
Ao g1, o Ministério da Saúde confirmou o recebimento do pedido de Campinas, mas destacou que já tem definido os 6 municípios selecionados para 2024, sendo apenas um deles no estado de São Paulo. São eles:
Uberlândia (MG)
Londrina (PR)
Presidente Prudente (SP)
Foz do Iguaçu (PR)
Natal (RN)
Joinville (SC)
Diante do interesse de Campinas, no entanto, a pasta informou que se compromete a informar sobre a abertura de novas propostas para expansão do método “tão logo a capacidade de produção dos mosquitos seja aumentada e conforme análise de escores classificatórios entre municípios interessados”. Não há prazo definido.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas reforçou o interesse no uso da tecnologia “tão logo ela esteja disponível.”
O que é Wolbachia?
A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais.
Mosquitos que carregam essa bactéria têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Nem os mosquitos nem a Wolbachia sofreram qualquer modificação genética.
O método teve início com a World Mosquito Program (WMP), iniciativa global sem fins lucrativos, e conta com participação no Brasil da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Fiocruz solta Aedes aegypti com Wolbachia
Reprodução/TV Globo
Como funciona o método?
De acordo com o Ministério da Saúde, o planejamento para introdução do Método Wolbachia sugere um processo de disseminação e substituição de populações silvestres de mosquito Aedes Aegypti por populações manipuladas, em áreas prioritárias.
É o Ministério da Saúde que indica os municípios que poderão aderir ao Método Wolbachia, caso tenham interesse, e esse controle, com análise de critérios técnicos, leva em conta “a limitada capacidade de produção de mosquitos para soltura pela WMP/FIOCRUZ”, destaca a pasta.
Dentro do campo de pesquisa da estratégias, alguns municípios foram escolhidos por representarem “diferentes regiões biogeográficas, climáticas e de organização dos serviços de saúde, além de apresentarem importante histórico de transmissão de arboviroses”. São eles: Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG).
A implementação está organizada em três fases: pré-intervenção, durante intervenção e pós-liberação, e é firmado um acordo entre todos os entes participantes, nas esferas estadual, municipal e federal.
Vacina contra a dengue
Vacina contra dengue
Roberto Carlos/Secom
Campinas aguarda o recebimento de 18,1 mil doses da vacina contra a dengue após uma redistribuição anunciada pelo Ministério da Saúde.
O número é suficiente para atender 19% do público-alvo, que é composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Na metrópole, essa população é estimada em 91,2 mil pessoas.
Depois da capital paulista, a cidade é que vai receber o maior número de imunizantes no estado de São Paulo. Em toda a região, 15 municípios serão contemplados com 45 mil doses.

Estado de emergência
No início de março, a Prefeitura de Campinas decretou estado de emergência para dengue. A medida permite a adoção de ações necessárias à contenção do aumento de casos com maior flexibilidade, ou seja, sem necessidade de licitação.
Entre as ações, estão direcionamento de recursos financeiros e agilidade na compra de insumos, soro e materiais para nebulização, além de pagamento de horas extras e eventual contratação de efetivo para reforçar a assistência.
Quando procurar atendimento?
Em fevereiro a cidade já havia anunciado mudanças nos protocolos de atendimento. Desde então, a orientação é de que pacientes com febre busquem atendimento no centro de saúde mais próximo.
Antes, a recomendação da prefeitura era que os moradores procurassem atendimento médico quando o paciente apresentasse febre e mais dois sintomas associados, como dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, manchas no corpo, dor articular e dor atrás dos olhos.
Já os pacientes que, além da febre, apresentarem tontura, dor abdominal intensa, vômitos frequentes, suor frio e sangramentos devem recorrer a um pronto-socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Pela primeira vez na história, circulam três sorotipos simultâneos na cidade: 1, 2 e 3. A Secretaria de Saúde destaca que os moradores não devem subestimar os sintomas.
Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), de Campinas (SP), apresenta dados de dengue em encontro com representantes do Ministério da Saúde.
Carlos Bassan
A alta de casos de dengue fez Campinas anunciar, em 21 de março, a ampliação do horário de funcionamento de postos aos finais de semana para atender casos suspeitos de dengue.
Serão 10 unidades funcionando aos sábados, com períodos específicos para receber sintomáticos da doença. Veja aqui os horários.
Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação. Veja algumas das medidas de prevenção:
Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Mantenha lixeiras bem tampadas;
deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
Evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
Larva do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e da chikungunya
Rogério Capela/Divulgação
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