É possível medir o grau de estresse de um cuidador?

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Organização norte-americana cria teste on-line e diz que 27% se encontram numa situação que afeta a saúde mental. Pelo menos 50% dos cuidadores não se identificam como tal, porque, embora tenham diversas atribuições para dar suporte a um ente querido, não estão dedicados integralmente a essa tarefa. “Todo cuidado conta” é o lema de uma campanha do estado de Nova York que visa a fazer com que eles saiam da invisibilidade na qual atuam e se sintam prestigiados. A organização Archangels (Arcanjos) é uma das apoiadoras desse movimento e trabalha em duas frentes: conscientizar as empresas sobre o valor dessa mão de obra, que não deve ser descartada; e oferecer aos cuidadores uma rede de apoio e informações para que consigam desempenhar suas atividades sem ignorar as próprias necessidades.
Cuidadores: rotina de invisibilidade e estresse contínuo
Klimkin para Pixabay
O que me chamou a atenção na entidade foi o teste on-line para avaliar as condições emocionais e financeiras de quem cuida. São 25 perguntas, em inglês, que tratam de questões bem conhecidas de quem vive a situação. Listo aqui algumas com as quais é fácil se identificar:
Sua rotina tem momentos instáveis ou imprevisíveis?
É difícil planejar qualquer coisa com antecedência?
Você tem cortado despesas pessoais porque arca com parte dos custos do ente querido pelo qual é responsável?
Ser cuidador representa um peso financeiro?
A família se desentende sobre o papel de cada um nessa atividade?
Você acha que não está fazendo o suficiente?
Tem mais atribuições do que consegue administrar?
Sente-se deprimido (a), estressado (a)?
Tem a quem recorrer quando surgem dificuldades?
Deixou de ter tempo para fazer coisas que lhe dão prazer?
O resultado, cuja pontuação varia de um a cem, vai da faixa branca (um panorama mais tranquilo) à vermelha (sinal de alerta para a saúde mental). Como não poderia deixar de ser, 27% das pessoas que respondem estão no vermelho. De acordo com o US Department of Labor (Departamento de Trabalho dos Estados Unidos), 53% dos cuidadores que estavam empregados relatavam que haviam pedido algum tipo de folga ou licença para dar conta de suas responsabilidades. Embora os dados da Archangels se refiram aos EUA, acredito que fazem sentido para os brasileiros:
45% dos cuidadores mais jovens, entre 24 e 43 anos, tiveram pensamentos suicidas nos últimos 30 dias.
80% dos cuidadores afrodescendentes enfrentam distúrbios em sua saúde mental.
Entre os que estão na faixa vermelha, 91% também sofrem com sintomas relacionados à saúde mental.
70% dos que estão empregados afirmam que a empresa onde trabalham não dispõe de um serviço de apoio. No entanto, aqueles que encontram esse tipo de acolhimento estão bastante satisfeitos com o trabalho.
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