Viúva de vítima da dengue em Monte Alegre fala sobre sintomas, tratamento e morte um dia antes do aniversário

4 min read
Josionilson foi enterrado no dia em que completou 51 anos, dia 10 de fevereiro. Resultado de exame que confirma morte por dengue saiu somente no dia 19. Josionilson Baía Albarado
Arquivo Pessoal
O aumento no número de casos de dengue em todo o Brasil tem preocupado os órgãos de vigilância em saúde. Em Monte Alegre, no oeste do Pará, a viúva de uma vítima da doença falou ao g1 sobre os primeiros sintomas, o tratamento e a dor de perder o marido 3 dias após ele dar entrada no hospital do município.
Josionilson Baía Albarado morreu no dia 9 de fevereiro e foi enterrado no dia 10, data em que seria de festa para a família, já que ele completaria 51 anos.
✅ Siga o canal g1 Santarém e Região no WhatsApp
Carlúcia Ferreira se emocionou ao falar sobre morte do marido por dengue
Dominique Cavaleiro/g1
Carlucia Ferreira, técnica de enfermagem, contou que o marido era pescador e que não tinha comorbidades. Tinha uma vida comum e dias antes de sentir os primeiros sintomas saiu para pescar com amigos, comeu churrasco e bebeu cerveja.
Tudo começou no dia 6 de fevereiro quando Josionilson relatou à esposa que estava com dores no corpo. Carlucia contou que o marido teve calafrios, convulsionou e foi levado imediatamente para o hospital do município onde ficou internado com dores musculares, instabilidade na pressão arterial e febre alta.
“Quando eu cheguei quinta-feira de noite lá, ele disse: ‘amor, eu não tô legal’. Eu perguntei: o que foi que aconteceu? Ele me disse: ‘Eles passaram aqui me servindo uma abacatada e eu tomei. Dessa hora que eu tomei essa abacatada, eu senti que tava inchando, parece que eu comi um montão de coisa’. Eu fui lá, conversei com a enfermeira que tava de plantão, aí mandaram fazer a medicação nele, né? Aí tomava a medicação e ele melhorava”, contou Carlucia.
Já na sexta (9), Josionilson iria receber alta, mas de acordo com Carlucia, o médico a orientou que não era aconselhável que ele saísse do hospital por conta de constantes oscilações nos batimentos cardíacos. Ainda segundo Carlucia, o médico solicitou novos exames, mas antes dos resultados saírem, Josionilson acabou não resistindo e morreu.
“Hoje fazem 20 dias que perdi meu marido. As pessoas tentam me consolar e falam que com o tempo eu vou me acostumar a conviver com a dor, mas isso não está acontecendo porque a cada dia que passa eu sinto que essa dor só piora. Tento me apegar àquele lá de cima para me dar forças, mas não tem sido fácil”, disse Carlucia, em lágrimas.
Josionilson foi enterrado dia 10 de fevereiro com suspeita de dengue. A confirmação da morte só foi divulgada pelo Labimol no dia 19 de fevereiro. O pescador entrou para a estatística como a primeira morte por dengue do Estado do Pará em 2024.
Surto da doença em Monte Alegre
Desde o início do ano, 560 casos suspeitos da doença já foram notificados pela Secretaria de Saúde de Monte Alegre (Sesma). Deste total, até quarta (28), 349 casos já tinham sido confirmados no município.
Para garantir o acesso ao atendimento médico com mais celeridade e desafogar o hospital municipal, a Sesma instalou um centro exclusivo de atendimento a pessoas com sintomas de dengue.
Os casos mais leves são tratados nesse centro. Lá pacientes são avaliados e medicados no local. Já os casos mais graves são transferidos para o Hospital Municipal de Monte Alegre, Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém ou Hospital Regional do Tapajós, em Itaituba.
O município decretou estado de emergência em saúde, por conta dos casos da doença registrados no município. Os maiores surtos de dengue da história em Monte Alegre foram registrados em 2005, 2012, 2016 e 2024.
LEIA TAMBÉM:
Em Monte Alegre, Sesma implanta centro de atendimento exclusivo para pessoas com sintomas de dengue
VÍDEOS: mais vistos do g1 Santarém e região

You May Also Like

More From Author

+ There are no comments

Add yours