Análise: uruguaios sobram e dão mais inteligência ao seguro Flamengo em conquista de taça

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Bem nas tomadas de decisão, quarteto formado por Arrascaeta, De la Cruz, Varela e Viña ainda se destacou no combate com quase 60% dos desarmes do time O Flamengo conquistou sua 24ª Taça Guanabara no sábado sem sustos. Venceu por 3 a 0 o Madureira com ótimo funcionamento coletivo e sem conceder oportunidades ao adversário. Mas um grupo de quatro jogadores merece destaque: Arrascaeta, De la Cruz, Varela e Viña, todos da seleção do Uruguai, foram muito bem.
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– Muito feliz que tenho muito compatriotas aqui, é importante tê-los por perto sempre. Estão mostrando muita vontade no dia a dia. Tomara que eles possam acrescentar todo o potencial que têm para enriquecer o Flamengo – comemorou Arrascaeta após erguer a taça.
O quarteto uruguaio soube dosar energias e fazer escolhas de jogadas corretas para se destacar numa tarde de domínio absoluto do Flamengo contra mais um adversário de nível inferior.
Viña começa em alto nível
É justo que comecemos a análise por quem fez sua primeira partida como titular. Matías Viña apresentou características totalmente diferentes em relação às de Ayrton Lucas. E a primeira impressão iniciando um jogo foi muito animadora. Embora seja menos agudo que o colega de posição, mostrou-se à vontade para subir. E sempre que apoiou foi no timing certo.
Varela, De la Cruz, Arrascaeta e Viña comemoram a conquista do Flamengo
Paula Reis/Flamengo
Soube escolher os momentos adequados para fazer os passes, infiltrar e aparecer às costas da defesa do Tricolor Suburbano. Antes dos dois minutos de jogo, já tinha surgido como opção em três oportunidades. Na última, recebeu de Arrasca e deu ótimo cruzamento, que o goleiro Willis Mota interceptou. Se não o fizesse, Pedro abriria o placar.
Além de participar muito pelo seu corredor e quase marcar um gol de fora da área no fim do primeiro tempo, Viña terminou como o líder de desarmes do Flamengo no jogo, com três. Aliás, dos 12 feitos pelo Flamengo, sete vieram de uruguaios (dois de Arrascaeta e outros dois de De la Cruz)
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A formiguinha
Se o papo no parágrafo anterior foi desarme, De la Cruz chamou atenção pela maneira que roubou a bola duas vezes dos rivais. Com intensidade e explosão impressionantes, o baixinho surgiu “do nada” para retomar a posse e acelerar o jogo na sequência.
Ouviu-se na tribuna do Maracanã a interessante frase: “De la Cruz não é espetaculoso, mas é espetacular”. Sem firulas, passou a maior parte do tempo encontrando passes no meio da defesa do Madureira. Acelerava quando necessário e temporizava, com precisão, os movimentos ofensivos do time.
– Um cara que joga muito. Sempre gosto de jogar com os melhores. Ele está numa fase muito boa. Tomara que ele possa contribuir com muitas taças – elogiou Arrascaeta após o jogo.
Mesmo optando por passes mais difíceis, errou apenas seis dos 68 tentados. Dinâmico, mais uma vez mostrou-se onipresente, desde a intermediária defensiva do Fla até a primeira linha do adversário.
Confira o mapa de ações com a bola de De la Cruz em Flamengo x Madureira
Footstats
O gênio ataca de novo
Arrascaeta segue em estado de graça. Esteve em nível altíssimo contra o Fluminense, com passe de calcanhar que quebrou a defesa adversária no gol de Cebolinha, e voltou a fazer golaço neste sábado.
Confira o mapa de ações com a bola de Arrascaeta em Flamengo x Madureira
Footstats
Mas não foi apenas o sem-pulo de trivela que o destacou contra o Madureira. A intensa movimentação e a ótima forma física que vem demonstrando permitiram a ele aparecer inúmeras vezes na ponta direita para tentar servir Pedro. Distribuiu passes geniais, deu chapéu e deixou o campo mais uma vez ovacionado.
– Graças a Deus, dominei da melhor forma e fico feliz por isso. Deu para ajudar o time e abrir o placar, que é muito importante. A gente tem que estar ali perto para ajudar os companheiros, seja com gol ou assistências – completou.
Arrascaeta ganhou muitos aplausos ao ser substituído na etapa final
Fred Gomes
Varela por dentro
Cena que tem se repetido nos últimos jogos, Varela mais uma vez tem aparecido constantemente na zona central. Sua movimentação saindo da ponta para o meio abre espaço para que Arrascaeta e Luiz Araújo apareçam na linha de fundo para buscarem o passe na referência.
No primeiro gol, após De la Cruz mudar a direção de uma paciente troca de passes que duraria 50 segundos, Varela se desloca da lateral para o meio e recebe passe do compatriota. Ajeita o corpo, ajusta o timing e estica em Luiz Araújo, que cruza, Bruno Henrique ajeita, e Arrascaeta completa com perfeição.
Varela é sem sombra de dúvida o mais discreto dos quatro, mas tem se notabilizado por escolher os movimentos certos. Na época das poucas oportunidades e da consequente pressão, pecava por excesso de afobação. Hoje é um jogador mais tranquilo e que ajuda, ao lado de seus compatriotas, a desenvolver um Flamengo mais inteligente.
Comunicação facilitada
Arrascaeta afirmou estar muito feliz com a presença de tantos compatriotas, algo que acomoda melhor a todos ao ambiente do Flamengo e do Rio de Janeiro. E o camisa 14 não podia estar mais confortável do que neste sábado, quando seis atletas cujo idioma é o espanhol defendiam o vermelho e preto. O chileno Pulgar e o argentino Rossi completaram o sexteto de gringos.
Tite, em entrevista coletiva, brincou e deu um exemplo de quanto os estrangeiros do Flamengo estão à vontade. Quando sente que os gringos resolvem falar de um jeito peculiar, o gaúcho emenda com uma divertida bronca.
– Professor de educação física formado na Puc de Campinas vai responder: a comunicação se dá através da fala, da expressão fisionômica e do tom de voz. A linguagem da bola é universal. A outra é brincadeira: quando eles ficam falando rápido, não dá para entender, e eu digo: “Vocês parem de sacanagem de falar rápido porque é código de vocês para ninguém entender mesmo (risos)”.
O que não falamos do jogo
A proposta dessa análise do jogo foi citar pouco o restante da partida porque o cenário deste sábado foi o mesmo das últimas rodadas: um Flamengo dominante e que raramente sofre devido a um sistema defensivo muito consistente.
Os zagueiros novamente estiveram muito bem e com importante participação na construção do jogo, algo que o reforço Léo Ortiz também apresentará em breve.
Pedro não fazia um bom jogo, mas limpou sua barra com um golaço de quem está cada vez mais atento à função de marcar no campo adversário. Aproveitou uma inversão errada, brigou pela bola com o goleiro e aplicou um chapéu com o calcanhar num movimento que poucos conseguem.
Bruno Henrique não foi brilhante, mas deu assistência e apresentou-se como constante ameaça tanto pelo corredor como no jogo aéreo. Certamente terá mais oportunidades e continuará figura importante.
Dentre os atletas que entraram no segundo tempo, vale atenção a Victor Hugo, que mais uma vez mostrou-se mais confortável na ponta direita. Impetuoso, mostrou agressividade para carregar a bola e chutar de fora da área. Aos poucos vem recuperando a confiança.
Taça que dá confiança
Depois de um ano de decepções e derrotas em todas as disputas de troféus, o Flamengo de Arrascaeta, De la Cruz, Viña e Varela mostrou inteligência dentro e fora de campo. Teve fluidez em campo e entendeu que a 24ª Taça Guanabara da história do clube, apesar de pouco impactar os quase 129 anos do Rubro-Negro, representa um início positivo de uma temporada muito promissora.
Varela, De la Cruz, Arrascaeta e Viña comemoram a conquista do Flamengo
Fred Gomes
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