Da costura dos bandeirões à alimentação: conheça histórias de mulheres que também fazem o Botafogo

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Cinco mulheres inspiradoras que ligam a vida ao Botafogo Na varanda de casa em Vigário Geral, Maria Alice, de 71 anos, e Tânia Mara, de 68, dedicam horas de trabalho para tornar as festas da torcida do Botafogo nas arquibancadas ainda mais especiais. Como? Costurando os bandeirões que sobem sobre os torcedores na entrada do time em campo. Nesse dia 8 de março, o ge reuniu histórias de diferentes mulheres que fazem o dia a dia do clube, seja dentro ou fora dele, para falar sobre essa relação em comum: todas vivendo a mesma paixão.
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Botafogo faz mosaico em homenagem a Garrincha antes do jogo contra o Cuiabá
Dentro do clube, por exemplo, tem representante e idealizadora de importante movimento contra o assédio, o Hora Delas, e nutricionista responsável pela alimentação e suplementação dos jogadores no dia a dia. Fora das dependências do Botafogo, a mulher também está representada na idealização, construção e montagem dos mosaicos, em dia de jogo como gandula, e em diferentes áreas do staff, que quem frequenta percebe cada vez mais o aumento e a normalização desse movimento.
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Dona Maria Alice e Tânia Mara, as gloriosas dos bandeirões
Embora o desafio dos bandeirões tenha chegado para elas somente em maio de 2023, quando as festas voltaram com força às arquibancadas do Nilton Santos, Maria e Tânia já produziam bandeiras menores desde 2015.
A confecção começou no quintal da casa localizada na zona Norte do Rio de Janeiro, mas o tamanho e o risco de chuva fez com que elas fossem parar em um ginásio próximo, que virou o novo local de produção.
Dona Maria Alice e Tânia Mara, as gloriosas dos bandeirões
Arquivo Pessoal
Ao ge, as cunhadas botafoguenses, com origem alvinegra familiar, disseram sentir uma emoção inexplicável quando o imenso pano sobe sobre a torcida.
– É muita emoção, acho lindo, fico doidinha quando vejo essa festa com nosso trabalho lá – disse Tânia, empolgada.
– Minha grande paixão é o Botafogo, eu era apaixonada por Garrincha. Minha família era toda botafoguense e a gente continua amando o clube, embora tenha mudado muita coisa de lá pra cá – completou Maria.
Isabela Pais, a pioneira para a família e fundamental na performance dos atletas
A área da nutrição é uma das mais ocupadas por mulheres nas comissões técnicas do futebol. E no Botafogo não é diferente, já que tem a Isabela como nutricionista das categorias de base e que também transita no elenco profissional.
Ela é a responsável pelas refeições pré e pós-jogo, suplementação e hidratação dos atletas para garantir que tenham a melhor performance possível em campo. Também traça o planejamento da rotina alimentar das delegações em viagens nos jogos fora do estado.
Isabela Pais, a pioneira para a família e fundamental na performance dos atletas
Arquivo Pessoal
Primeira mulher da família a despertar o gosto pelo futebol, ela se sente pioneira em relação aos mais chegados, e se diz respeitada no ambiente profissional que escolheu.
– Nunca tive problema algum para realizar o meu trabalho com eles. Pelo contrário, todos estão sempre solícitos em busca de conhecimentos para melhor performance. É claro que ainda precisamos quebrar alguns paradigmas estruturais do futebol, realizar algumas adaptações, mas fico muito orgulhosa por ser uma representante feminina em um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro – disse ela, que está no Botafogo há cinco anos.
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Lara, a “cabeça” dos mosaicos do Nilton Santos
Quando um mosaico aparece, Lara certamente está por trás fazendo tudo acontecer perfeitamente. Foi assim nos últimos dois jogos e em parte da temporada passada. Embora seja formada em Matemática, ela é designer no Botafogo, na parte Social e Olímpica, que se dissociou da SAF, e diretora de comunicação do Movimento Ninguém Ama Como a Gente, responsável pela união entre diferentes torcidas para produzir as festas no estádio.
Lara, a “cabeça” dos mosaicos do Nilton Santos
Arquivo Pessoal
A primeira participação de Lara em festa da torcida foi na produção da arte do bandeirão para o jogo contra o Bragantino, em 2023. Desde então, entrou de vez para o time para produzir e executar os mosaicos dos jogos contra Coritiba, Internacional, Bahia, Flamengo, Goiás, Athletico-PR, Cuiabá e Palmeiras – todos pelo Campeonato Brasileiro.
– Meu trabalho envolve arquitetar as ilustrações e transformar em plantas para o estádio. Faço parte da equipe que monta e supervisiona os mosaicos. Assim, no dia anterior a um grande jogo, e horas antes da partida, meu trabalho é fazer essa conferência minuciosa das placas e sua localização. Por conta desse estresse para garantir que a festa saia exatamente como planejada, eu sinto muito forte todas as emoções que envolvem esse processo. Assim que as placas de mosaico se levantam, e as fotos começam a circular na internet, eu sempre choro de felicidade e alívio por mais um trabalho bem cumprido – disse ao ge.
O mundo do futebol não é fácil para as mulheres, precisamos sempre trabalhar dobrado para sermos levadas a sério, mas acredito muito que a competência feminina agrega muito a todo trabalho nesse meio. Vamos mostrar que estamos aqui para ocupar esse espaço, e que o Botafogo é um clube de todos!
Catherine, a dentista por profissão e gandula por paixão há 13 anos
A dentista Catherine, de 31 anos, semeava o sonho de um dia ser gandula para poder sentir a energia de dentro do campo do seu clube do coração. Ela acompanhava com admiração o trabalho dos homens que desempenhavam a função, até que resolveu pedir ao clube para ter uma oportunidade.
E foi assim que aos 18 anos fez sua estreia, no dia 10 de agosto de 2010 no jogo entre Duque de Caxias e Bragantino, mas depois passou a participar das partidas exclusivamente do Glorioso.
– Já passei muita raiva em campo, mas também muita alegria. Não consigo ficar longe dessa profissão, quando me perguntam minha profissão digo que sou dentista e gandula – disse, aos risos
Catherine, gandula do Botafogo
Arquivo Pessoal
Nessa longa trajetória, ela destaca a conquista da Taça Rio em 2012 e os jogos da Libertadores de 2017 como os mais emocionantes. A perda do título de 2023 foi o que mais a deixou triste no desempenho da função. Mas apesar das emoções que não dependem dela, ela vibra com a possibilidade de assumir seu espaço e permanecer há tantos anos.
– Nós, mulheres, passamos por muito preconceito ainda em vários âmbitos, e no mundo do futebol não é diferente. Poder estar ali trabalhando nos jogos sendo respeitada por todos e ter o trabalho reconhecido é gratificante, mostra que podemos estar em qualquer profissão que vamos fazer bem feito.
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Nathália, uma das vozes do Hora Delas e analista comercial do Botafogo
Nathália é clara quanto ao seu papel como mulher no ambiente do futebol: um chamado por voz ativa, espaço e presença para todas as mulheres. E com esse pensamento ela se tornou uma das idealizadoras do projeto Hora Delas no clube, que tem como objetivo criar iniciativas de conscientização e práticas para tornar o estádio um espaço seguro para mulheres.
Nathália, uma das vozes do Hora Delas e analista comercial do Botafogo
Arquivo Pessoal
No dia a dia, ela é uma das que gerencia ativações de marcas nos jogos e desenvolve estratégias com os patrocinadores do clube. A função, para ela, era considerada algo distante no início da sua profissão, já que nunca pensou em trabalhar com futebol.
– Ao contrário, antes de entrar no Botafogo, enfrentei desafios, pois não tinha referências de mulheres trabalhando no futebol, exceto na imprensa. Na minha família, liderada por mulheres, a percepção era de que o ambiente futebolístico estava mais ligado a conflitos do que ao amor genuíno pelo clube e de que mulheres não tinham espaço. Hoje fico feliz em ver que estamos mudando isso e de estar fazendo parte de uma instituição que nos dá apoio e luta por essa mudança – explicou.
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